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Amazônia


Depois de um ano que marcou o planeta porque deixou as cidades vazias, interrompeu o fluxo de gente e deixou as pessoas em casa, criamos a Volta ao Mundo com a Megafauna – uma seleção de livros para que você possa, sem precisar sair de casa, viajar por aí. Uma lista por país, cidade ou mesmo planeta. A proposta é oferecer uma seleção de livros que falem daquele destino e que nos deixem ir, em segurança, bem longe.

Amazônia Ver lista

Em setembro, celebramos o dia da Amazônia. Mas os nove primeiros meses do ano não nos deram motivos para comemorar: foram 22,38 milhões de hectares queimados em território nacional desde janeiro, dos quais 11,3 milhões são da maior floresta do mundo, segundo levantamento do Monitor do Fogo do MapBiomas, lançado em outubro, com dados de janeiro a setembro. Uma agência da União Europeia publicou um estudo que diz que Amazônia e Pantanal têm sofrido os piores incêndios dos últimos 20 anos.

A maior floresta do mundo vive em constante estado de emergência, sofrendo cada vez mais com o desmatamento, a violência, a invasão do agronegócio e do garimpo ilegal, a devastação dos territórios indígenas.

São 2,5 mil espécies de árvores abrigadas ali e mais de 30% das espécies de plantas de toda a América Latina. O rio Amazonas, com mais de 6,4 mil quilômetros de extensão, é responsável por quase um sexto de toda a água doce que deságua nos oceanos. São mais de 220 territórios indígenas só na Amazônia brasileira. Além de nós, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru e Venezuela guardam parte dos 6,74 milhões de quilômetros quadrados de floresta.

Nosso jeito de fazer coro à denúncia é indicando livros que não só têm a Amazônia como cenário, mas também expõem e questionam a devastação, celebram narrativas indígenas, descrevem a abundância e a desigualdade e, enfim, pedem atenção e cuidado com a maior floresta do planeta.

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Dois irmãos

Um drama familiar que é acompanhado pelas margens do rio Negro. Em uma casa, vivem pai, mãe, irmã e dois irmãos gêmeos, ao lado da empregada da família e seu filho, que narra, trinta anos depois, os dramas que testemunhou calado. Incesto, vingança, violência, paixão desmesurada, imigração libanesa. O lugar da família se estende ao espaço de Manaus, cujo “progresso” é narrado no livro: “Manaus cresceu assim: no tumulto de quem chega primeiro”. O livro de Milton Hatoum recebeu o prêmio Jabuti de melhor romance de 2001.

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Os substitutos

Uma reflexão poderosa sobre a história recente do Brasil por meio da jornada de um pai e seu filho de onze anos. Durante a ditadura militar, o pai, um empresário envolvido em negociações escusas com militares e estrangeiros, sobrevoa a Amazônia em um bimotor, enquanto o país enfrenta a devastação ambiental e o genocídio dos povos originários. O menino, por sua vez, encontra consolo em uma novela de ficção científica que reflete sua sensação de abandono e deslocamento. Com uma sutil tensão entre o olhar infantil e a perspectiva adulta, Bernardo Carvalho explora a complexa relação entre pai e filho, critica a ambição desenfreada e oferece uma visão profunda sobre a tragédia brasileira das últimas seis décadas.

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Galvez, imperador do Acre

Lançado em 1976, é o primeiro romance do escritor amazonense que morreu em agosto de 2024. Em uma mistura de fatos e ficção, o livro narra as aventuras de Luis Gálvez Rodríguez de Arias, um espanhol que se envolveu nas disputas pelo controle do Acre no final do século XIX. Divertido e crítico, conta situações cômicas e absurdas vividas por Galvez, sem deixar de fora personagens pitorescos da belle époque amazônica, que passam pelo livro em meio a um clima de festa e caos carnavalesco.

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À margem da história

Publicado em 1909, um mês após a morte de Euclides da Cunha, o livro explora a Amazônia em toda a sua complexidade natural e social. Dividido em quatro partes, traz estudos sobre a região amazônica, ensaios sobre a história do Brasil e crônicas. Examina temas como a identidade do seringueiro, apontando semelhanças com o sertanejo nordestino (que Euclides retratou em Os sertões), e contrapõe a riqueza natural da floresta à pobreza das condições humanas. Destaca-se como um marco no entendimento da Amazônia e na reflexão sobre a identidade brasileira.

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O desejo dos outros

Um convite para conhecer o universo Yanomami, que vivem entre a Amazônia venezuelana e brasileira, por meio dos sonhos. Para eles, sonhar não é apenas um desejo inconsciente, mas uma forma de habitar outros mundos, se conectar com outros seres. Também têm funções práticas e políticas na comunidade: sonhar com inimigos, por exemplo, é motivo para estar alerta, enquanto sonhar com alguém ricamente adornado exige cuidados especiais com essa pessoa. Um livro para conhecer e celebrar a cultura Yanomami e entender a importância dos sonhos na resistência indígena.

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9786589705734
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Os cantos do homem-sombra

Respeitar a floresta e suas entidades é o que sobressai do encontro narrado nesse livro, entre um Hup, do povo Hupd’äh – que vive em aldeias ao longo do Alto Rio Negro, entre Brasil e Colômbia –, e um Way Naku, um dos temidos “gente-sombra”, que vestem roupas coloridas, causam morte e doenças e devoram carne e espírito humano. Encontrá-los pela floresta pode ser um sinal perigoso, mas não só: essas entidades também são profundas conhecedoras de cantos, mitos e curas.

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Ficções amazônicas

Aparecida Vilaça é antropóloga, estudiosa dos Wari’. Junto com seu filho Francisco Vilaça Gaspar, ela escreve contos em que aparecem indígenas e não indígenas – personagens que dançam em círculos, relaxam ao som de Debussy, e grandes xamãs indígenas coexistem com figuras como Merlin e o rei Arthur. Com respeito e sensibilidade, essa dupla de autores compartilha suas experiências com os povos originários e convida a reflexões sobre vida, morte, pós-morte e antropofagia.

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Japão Ver lista

Ontem foi noticiado que o primeiro-ministro do Japão irá renunciar ao cargo em setembro, depois de escândalos de corrupção virem à tona. Mas a verdade é que o Japão vem sendo notícia diária entre nós no último mês, e não era a política japonesa o assunto. Os Jogos Olímpicos de Paris acabaram de terminar e, claro, deixaram saudade. E, em diversas modalidades, o Japão foi nosso adversário direto: no skate street, nossa fadinha Rayssa Leal ficou com o bronze – atrás de duas japonesas no pódio. O time do basquete nacional até ganhou da seleção asiática, mas a duras penas. No rúgbi de sete, a equipe feminina do Japão atropelou a brasileira, em um placar de 39 a 12. No judô, William Lima e Rafaela Silva foram superados no tatame por, como você já imagina, japoneses. E até no surfe: Felipe Toledo se despediu dos Jogos após Reo Inaba levar a melhor. Os memes, claro, inundaram a internet. Afinal, o Brasil é campeão absoluto da categoria Melhores Memes. Disseram que churrasco é melhor do que sushi, caipirinha é melhor do que saquê etc.

A gente brinca assim porque a gente adora o Japão. O país está entre os trinta países mais desenvolvidos do mundo e pertence ao seletíssimo rol das cinco maiores economias mundiais. E isso, sem dúvida, contribui pros feitos esportivos.

A gente tira o kaza (chapéu clássico japonês) para nossos amigos da Ásia por inúmeras razões, mas hoje a gente queria lembrar uma categoria em que eles estão também sempre no pódio. Yasunari Kawabata, Kenzaburo Oe, e Kazuo Ishiguro, Yoko Ogawa, Kanae Minato e Hiromi Kawakami – esses são alguns dos atletas que reverenciamos nesta Volta ao Mundo pelo Japão. Veja a lista de livros que preparamos.

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Do que eu falo quando falo de corrida

(trad. Cássio de Arantes Leite)

A gente precisa começar com uma inspiração olímpica, e nada melhor do que este livro do escritor japonês mais popular por aqui. Em 1982, Haruki Murakami decidiu vender seu bar de jazz em Tóquio para se dedicar à escrita. Nesse mesmo período, começou a correr e, um ano mais tarde, completou o trajeto entre Atenas e a cidade de Maratona, na Grécia. Foram 40 quilômetros de percurso, cuja linha de chegada lhe mostrou que ele estava no caminho para se tornar um corredor de longas distâncias. Neste livro, Murakami reflete sobre a influência e o poder que o esporte exerceu em sua vida e, mais ainda, em sua escrita.

 

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Há quem prefira urtigas

(trad. Leiko Gotoda)

Tanizaki foi um nome central da literatura japonesa, ainda que seus escritos da juventude revelem forte influência dos ocidentais Edgar Allan Poe, Charles Baudelaire e Oscar Wilde. Ao se divorciar da primeira esposa, Tanizaki escreve sobre um casal que deixa de sentir atração física um pelo outro, mas não consegue pôr fim ao casamento. O romance apresenta os intrincados dilemas de duas maneiras de amar: aquela da tradição japonesa e a da nova geração ocidentalizada.

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9786586068733
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Adeus, meu livro!

(trad. Jefferson José Teixeira)

Kogito Choko é alter ego do próprio Kenzaburo Oe e protagonista desse livro. Depois de sofrer um grave acidente e ficar entre a vida e a morte, Kogito encontra com Shigeru Tsubaki, um amigo de infância, e os dois conversam sobre diferentes assuntos. O diálogo entre eles suscita reflexões sobre família, envelhecimento, política, arquitetura e também sobre o Japão e sobre o mundo. Em um romance autoficcional, Oe escreve não só sobre a crise existencial pela qual passa seu protagonista, sensibilizado depois do acidente, mas sobre as consequências que virão do encontro com Shigeru, envolvido com um grupo anarquista radical que contará com a ajuda de Kogito, convalescente, em seus atos de violência por Tóquio.

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O castelo no espelho

(trad. Jefferson José Teixeira)

Neste romance infantojuvenil, sete adolescentes entediados com a rotina de estudos são confrontados por espelhos capazes de transportá-los. O destino? Um castelo repleto de escadarias sinuosas, quadros observadores e candelabros cintilantes, e que oferece pistas aos jovens para que um deles tenha um desejo atendido. Mas, ali, eles irão aprender que toda decisão traz consequências. Um livro sobre solidão, sacrifício e amizade, que rapidamente chegou ao topo das listas japonesas e se tornou um best-seller internacional.

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9788574482569
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Tsugumi

(trad. Lica Hashimoto)

Depois de ter saído da Península de Izu para Tóquio, Maria Shirakawa ainda está se acostumando com a mudança que a vida universitária lhe impôs. A chegada das férias de verão vem com um convite: a prima Tsugumi a convida para retornar a Izu e matar as saudades do litoral. Em uma história intimista e de tons trágicos, Banana Yoshimoto radiografa, ao mesmo tempo, a passagem da adolescência à idade adulta e as nuances da vida familiar no Japão contemporâneo.

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A polícia da memória

(trad. Andrei Cunha)

Se pudesse, o que você preservaria intato, e não deixaria escapar da memória? Essa é a pergunta central desse romance que foi finalista do International Booker Prize 2020 e do National Book Awards 2019. Nele, o leitor é conduzido ao mundo das memórias perdidas. Objetos, espécies e até famílias inteiras somem sem deixar rastros, sem que ninguém perceba, já que as recordações também se perdem. Na trama, uma escritora tenta reverter essa lógica e manter os resquícios da memória.

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9788582357163
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Onde vivem as monstras

(trad. Rita Kohl)

Uma coletânea de contos que reapresenta histórias tradicionais de fantasmas japoneses sob uma perspectiva feminista. Esses fantasmas aparecem de formas inesperadas e com funções úteis aos humanos: revelam a verdade por trás da morte de alguém, cuidam de crianças, combatem o crime, protegem casas. Aoko Matsuda apresenta uma interpretação contemporânea do folclore japonês, e sugere que o encontro dos mortos com os vivos pode ser assustador, e também emocionante e bonito.

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9788588808980
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Memórias de um urso-polar

(trad. Lúcia Collischonn de Abreu e Gerson Roberto Neumann)

Em 2006, um urso-polar bebê chamado Knut foi rejeitado por sua mãe e criado por um tratador do zoológico de Berlim, tudo noticiado pela mídia global. A partir desse episódio, a escritora japonesa radicada na Alemanha Yoko Tawada narra a experiência de três gerações de ursos-polares desde os tempos de Guerra Fria até o abandono de Knut na Berlim reunificada. Apesar de protagonizada por animais, é também uma narrativa sobre o século XX, sobre humanos e formas de comunicar sentimentos.

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9786584568907
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Kwaidan

(trad. Sofia Nestrovski)

Um dos maiores divulgadores da cultura japonesa no Ocidente, tendo Jorge Luis Borges como um admirador, o irlandês de ascendência grega era um autor excêntrico: imigrante nos Estados Unidos, repórter policial, amigo de assassinos e tradutor de Flaubert, além, é claro, ser um devoto da cultura nipônica. Este livro é uma antologia de contos, com uma profusão de samurais, budas e espíritos, criada a partir de seus últimos anos no Japão dos anos 1890 e das histórias contadas por Setsuko, sua companheira.

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Paris Ver lista

No último domingo, a França nos mandou notícias alentadoras: contrariando as assustadoras previsões, derrotou a extrema direita nas eleições parlamentares. Um alívio para o mundo democrático. Hoje (14 de julho), aliás, se comemoram os 235 anos da Revolução Francesa, que transformou o mundo.

Mas a França não é apenas palco de esperançosas reviravoltas políticas como é, desde sempre, destaque no universo dos livros. Difícil encontrar outro lugar que tenha sido tão narrado quanto sua capital. Não importa se o assunto é festa, revolução, exílio, amor, liberdade – Paris se presta a todo tipo de histórias. Um dos mais populares cenários literários e cinematográficos do mundo, a cidade mais romântica da Europa em breve se torna, pela segunda vez depois de um século, sede olímpica, atraindo mais uma vez todos os olhares para suas ruas charmosas atravessadas pelo rio Sena.

A cidade receberá, segundo o COI (Comitê Olímpico Internacional), 10.500 atletas, que disputam 32 modalidades esportivas. Aliás, se você acha que esporte não combina com livro, muito se engana. Diretor do Festival de Cannes e do Instituto Lumière, Thierry Frémaux é também autor de Judoca (publicado pela Fósforo, em tradução de Eloísa Araújo Ribeiro), no qual sintetiza sua passagem do esporte à sétima arte e a relação profunda entre ambos.

Se você, como nós, pretende acompanhar judô, vôlei, ginástica olímpica, natação, atletismo bem de pertinho – da televisão –, embarque para a Paris dos livros e prepare o coração para o maior evento esportivo do planeta, agora com os bons ventos trazidos pelo comparecimento maciço às urnas no último domingo.

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9788528618006
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Paris é uma festa

Já que o assunto são os Jogos Olímpicos, vamos lembrar que Hemingway lutava boxe. Disso muita gente sabe. O que talvez nem todo mundo lembre é que o autor de O velho e o mar viveu alguns anos em Paris. Existe até quem ofereça um roteiro para que curiosos conheçam a Paris do escritor americano. Nesse livro delicioso, Hemingway resgata a sua Paris dos anos 1920, quando vivia entre cafés, ruas e encontros com figuras como Gertrude Stein e F. Scott Fitzgerald. Um retrato vívido e nostálgico da cidade-luz, narrado com humor, ironia e sensibilidade.

 

(tradução: Ênio Silveira)

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9788535935516
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Sempre Paris

Memórias e entrevistas vibrantes fazem do livro de Rosa Freire d’Aguiar um mergulho na cena cultural e política de Paris na década de 1970 e 1980. Dos restaurantes icônicos da época a eventos marcantes como a chegada do primeiro avião comercial supersônico e a devolução do Sinai ao Egito, o livro traz ainda entrevistas com figuras como Julio Cortázar, Georges Simenon e Simone Veil.

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9788535931327
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O quarto de Giovanni

Paris, aqui, torna-se palco central de um drama íntimo entre um americano e um italiano, em uma narrativa sensível, que explora identidade e desejo. Mergulha nas complexidades e nas emoções humanas, vibrantes como nunca nesse clássico da literatura LGBTQIA+ que tem como cenário a assim chamada capital do amor.

 

(tradução: Paulo Henriques Britto)

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9788542104738
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Paris não tem centro

O livro é um longo poema em quatro partes que atravessa as fronteiras da poesia, da tradução e do ensaio literário. Pensado durante uma residência da Cité Internationale des Arts, em Paris, o texto começa com um percurso pela cidade em busca de um quadro da Gioconda. Depois, se desdobrou em diferentes reflexões sobre o ato de traduzir e a experiência urbana parisiense.

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9788535932492
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A vida de Vernon Subutex

Sem emprego, sem casa e sem amigos, Vernon Subutex – ex-dono de uma loja de vinis – passa a viver nas ruas de Paris e mal sabe que sua sorte está prestes a mudar, enredado em uma trama de estrelas pornô, fãs e magnatas da indústria fonográfica. O romance é o primeiro volume de uma trilogia de Virginie Despentes, autora francesa com mais de quinze obras publicadas, entre elas, o ensaio autobiográfico Teoria King Kong.

 

(tradução: Marcela Vieira)

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9786580309771
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O retalho

Em 7 de janeiro de 2015, um ataque terrorista à sede do jornal satírico parisiense Charlie Hedo chocou o mundo. Morreram 12 pessoas. Entre os feridos estava o jornalista Philippe Lançon, colaborador do jornal. Nesse livro, ganhador do Prix Femina, Lançon rememora o ataque, sua hospitalização e recuperação, e reflete sobre as transformações que o atentado provocou em sua e na dos moradores da cidade.

 

(tradução: Julia da Rosa Simões)

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A dor

Um retrato da angústia vivida durante a Segunda Guerra Mundial em Paris, onde Marguerite Duras vivencia a ocupação nazista enquanto espera notícias de seu marido desaparecido e participa ativamente da Resistência francesa. Em seus diários, encontrados anos depois, a autora transforma a dor pessoal em uma narrativa poderosa, na qual imortaliza as ruas de Paris como símbolos de luta e esperança.

 

(tradução: Laura Mascaro)

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Rio Grande do Sul Ver lista

Quem nos acompanha por aqui certamente conhece nossa lista de livros Volta ao Mundo. Iniciada na pandemia, ela se propunha a nos fazer viajar quando não podíamos sair de casa. Assim, elegíamos um lugar e nos transportávamos para lá por meio de uma seleção de títulos que se relacionavam com aquele espaço. 

Mesmo depois de controlada a pandemia, mantivemos o Volta ao Mundo. E desta vez escolhemos como destino o lugar para onde estamos voltados desde que as terríveis enchentes começaram: o Rio Grande do Sul. Em outro momento, a gente falaria da diversidade de gente e de paisagem que há por lá, do tanto de livro bom que já foi escrito sobre aquelas plagas e a partir daquele chão. Mas hoje a gente só consegue pensar em como ajudar. 

A tragédia é enorme e tem inúmeras dimensões. O mundo editorial gaúcho não foi poupado. Com a inundação, a editora L&PM perdeu 900 mil títulos, escritores perderam sua casa (como Julia Dantas, autora de Ela se chama Rodolfo), livrarias perderam seu acervo. A Livraria Taverna foi uma delas. A Taverna é, como a Megafauna, uma livraria de rua localizada no centro da cidade e comprometida em ter em seu acervo livros de autoria indígena, negra, feminina e LGBTQIA+. Com a enchente, a água invadiu a loja. Para ajudar a Taverna, nosso Volta ao Mundo pelo Rio Grande do Sul será também uma campanha: a venda dos livros selecionados será integralmente revertida para a Taverna*. 

Hoje a gente viaja para lembrar que a terra de Erico Verissimo, Mario Quintana, Oliveira Silveira, Natalia Borges Polesso, Michel Laub, Antônio Xerxenesky, Cintia Moscovich e de tanta gente mais.

* A campanha seguirá até o fim de maio ou enquanto durarem nossos estoques para esta ação. Para realizá-la, contamos com a colaboração das editoras Autêntica, Cobogó, Companhia das Letras e Todavia. Agradecemos pela parceria e seguimos juntos em apoio ao Rio Grande do Sul.

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9786559282579
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Louças de família

Português, espanhol e iorubá; passado, presente e futuro. Nesse armário que guarda as muitas louças dos casarões e as histórias das mãos que as mantêm polidas, tudo se mistura. O romance tem como ponto de partida a vida (e a morte) de uma matriarca que, para chegar aonde chegou, precisou sujar os pés no terreno avermelhado pelo sangue das vacas, na fronteira entre Brasil e Uruguai, no extremo sul do país.

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9788535908091
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Mãos de Cavalo

O romance de formação conta a história de Mãos de Cavalo em três fases da vida: na infância, na adolescência e na vida adulta, quando enfrenta uma crise conjugal. Ou, dito em outras palavras: o que um tombo de bicicleta de um garoto numa rua vazia da zona sul de Porto Alegre, uma partida de futebol entre adolescentes do condomínio Esplanada, e um cirurgião plástico que se prepara para escalar o Cerro Bonete têm em comum? Acontecimentos aparentemente díspares formam um delicado quebra-cabeça sobre memória, perda e culpa.

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9786556923482
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Vila Sapo

O livro de contos do autor de Os supridores reúne histórias passadas na favela que dá título ao volume, situada em Porto Alegre. Violência, desigualdade, racismo convivem com amizade, lealdade, amor e desejo de uma vida digna. As construções narrativas cheias de ritmo e sensibilidade confirmam o talento de Falero e também que “periferia é periferia em qualquer lugar”, como já cantavam os Racionais.

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9788579623165
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Luzes de emergência se acenderão automaticamente

Nos subúrbios de Porto Alegre, dois amigos são separados por um acidente: Gabriel bate a cabeça e entra em coma, e Henrique, que não tem muito o que fazer a não ser esperar que o amigo acorde, passa a escrever cartas contando o que se passa em sua ausência. Um livro sobre incertezas, amadurecimento e duas pessoas que se recusam a desistir uma da outra.

R$74,90
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9786556911076
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Crucial dois um

Nessa peça de estreia do premiado romancista gaúcho Paulo Scott, autor de, entre outros, Marrom e Amarelo, encenam-se disputas por água, um serviço de ressuscitação de corpos (oferecido por uma entidade nomeada como Governo do Sul), dívidas, desigualdades, injustiças. Nesse ambiente de fronteiras morais e éticas esgarçadas acontece o encontro entre duas pessoas que tentam preservar suas dignidades em uma sociedade cuja única premissa parece ser a manutenção do poder.

R$56,00
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A bolsa amarela

Escrito pela aclamada escritora pelotense, A bolsa amarela é um clássico infantojuvenil que narra a história de uma menina que queria guardar as dúvidas, os sentimentos e as vontades em sua bolsa amarela, e assim, reprimi-los. Uma protagonista sensível e imaginativa, que mistura realidade e fantasia em seus relatos, ao tentar afirmar-se no mundo.

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9786555530773
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Amora

O premiado Amora, livro de contos da gaúcha Natalia Borges Polesso, reúne histórias sobre diferentes manifestações do amor entre mulheres. O cotidiano porto-alegrense, inclusive de chuvas, está ali recriado de forma delicada e atenta..

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Lua Ver lista

Hoje em dia, quando tem bilionário querendo colonizar Marte, talvez seja difícil ter a dimensão do impacto que a chegada do homem à Lua, em 1969, provocou. Claro, teve gente que duvidou de que aquilo que se via pela TV era real (bom, nunca faltou negacionista por aí), mas a verdade é que o destino antes só alcançável pela imaginação ou pela ficção tinha ficado mais próximo da humanidade.

Mas muito antes disso, o feito já havia sido imaginado e escrito, com estranha precisão, por Júlio Verne em Da Terra à Lua. Na narrativa, membros do Clube de Armas de Baltimore, entediados com a ausência de conflitos depois da Guerra de Secessão, decidem testar e fabricar artilharias para visitar a Lua. Na ficção, eles chegaram lá; na vida real, demoraria ainda 103 anos para a Apollo 8, da Nasa, também orbitar a Lua. A ficção premonitória de Verne não para por aí: Viagem ao redor da Lua descreve, em 1869, o primeiro pouso lunar – o que só aconteceria fora das páginas dos livros cem anos mais tarde, com o Apollo 11.

Faz tempo que a Lua comove astronautas, cientistas, românticos e até lobisomens. Comove também os poetas. “Eu não devia te dizer/ Mas essa Lua/ Mas esse conhaque/ Botam a gente comovido como o diabo” – quem não conhece de cor os famosos versos finais de Drummond em “Poema de sete faces”? A Lua é parte do imaginário universal, cada cultura entoando seu cântico para esse satélite que “brilha sobre os mares”, como lembra Caetano Veloso. Para homenagear esse destino improvável, selecionamos seis livros em que ela aparece nova, crescente, cheia ou minguante, ou mesmo eclipsada.

(E um p.s.: a terceira temporada do Vinte Mil Léguas, podcast de ciências e livros da Megafauna, também trata da Lua. Corre lá pra conferir.)

9788535934649 (1)
R$129,90
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Todas as cosmicômicas

Um mundo tão próximo da Lua que as pessoas que nele vivem podem alcançá-la em um pulo. Essa é uma das histórias do livro. Inspirado em Beckett, Borges, Popeye, Calvino criou suas aventuras cosmicômicas – que partem de enunciados científicos para se transformar em narrativas cheias de humor, e ainda viram do avesso teorias sobre a origem do Universo, sua evolução e habitantes mais antigos.

Tradução: Ivo Barroso

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Os planetas

Não dá pra dizer que todo texto sobre pressão atmosférica, velocidade dos ventos, tipos de gases que vai entreter o leitor. Os planetas, porém, recorre às lentes da mitologia, da música, da poesia e da ficção científica para descrever informações astronômicas com uma boa dose de encanto. Cada capítulo é dedicado a um ou mais planetas, além do Sol e, claro, da Lua.

Tradução: Carlos Afonso Malferrari

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Artemis

O título se refere à primeira e única cidade lunar, onde vive uma pequena contrabandista chamada Jazz Bashara. Artemis pode estar bem distante mas não é muito diferente da Terra: se você for um turista ou empresário rico, há de se dar bem. O livro acompanha uma proposta de crime perfeito e irrecusável que Bashara recebe e que a fará se envolver em uma conspiração pelo controle da cidade da Lua.

Tradução: Alves Calado

9786556920962 (1)
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Guarda lunar

Num futuro em que a colonização do espaço não é mais novidade, um solitário policial da Lua faz suas rondas sem grandes surpresas: um cachorro que foge, um robô que dá defeito, um morador que resolve voltar para a Terra. Em narrativa que une a melancolia e o humor seco característicos do quadrinista escocês, o pacato cenário lunar se torna uma ótima investigação ilustrada da solidão.

Tradução: Hermano Freitas

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9788551300893 (1)

A Lua vem da Ásia

A vida sexual dos perus, o asssassinato de um professor de lógica, um hotel de luxo cujo gerente é aficionado por disciplina e horários. Esses são os principais ingredientes de uma narrativa surrealista e bem-humorada – lunática, pode-se dizer – que tem como protagonista um louco confesso: depois de cometer um crime, parte para viver sob uma ponte do rio Sena – embora nunca tenha ido a Paris.

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Flicts

Ziraldo já havia sabiamente afirmado: “A Lua é flicts!”. Ainda que não fosse tão forte quanto o vermelho, que não tivesse a imensidão do amarelo e nem a paz do azul, a cor flicts descobriu na Lua o seu lugar. Ziraldo lançou seu livro que se tornaria um clássico da literatura infantojuvenil no mesmo ano em que o homem chegou à Lua. E quando Neil Armstrong, o herói da Apollo 11, passou pelo Brasil, conheceu o livro de Ziraldo e confidenciou a ele que, sim, “the moon is flicts”, a Lua é flicts.

R$52,90

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Alabama Ver lista

O estado norte-americano virou notícia nas últimas semanas, depois que a Justiça do Alabama decretou que embriões congelados são considerados "crianças" – o que condena e dificulta diferentes terapias de fertilidade. Para justificar sua decisão, o presidente do tribunal chegou a invocar escrituras sagradas cristãs, e a mudança foi vista com bons olhos por grupos antiaborto. 

Mas nem só de conservadorismo vive o Alabama. O estado tem mais de 4,2 mil cavernas e um território 70% coberto por florestas. Ao som da música country, vale se aventurar em suas tortas de noz-pecã, especialidade da região, e em pratos com os seus famosos tomates verdes fritos. 

Mas talvez o maior motivo de afeição e respeito seja a história do Alabama: considerado o berço do movimento pelos direitos civis, é chamado de casa por Rosa Parks e Angela Davis. E foi entre a cidade de Selma e a capital do estado, Montgomery, que Martin Luther King e outros diversos manifestantes marcharam, em março de 1965, para reivindicar pleno direito ao voto da população negra.

Selecionamos livros de autores nascidos no Alabama ou que tenham o estado como cenário para você conhecer o Alabama não por suas controversas decisões judiciais, mas pelo que ele oferece de melhor. 

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O sol é para todos

Vencedor do Pulitzer em 1961, o clássico título de Harper Lee, nascida em Monroeville, no Alabama, também se passa no estado norte-americano: é narrado pela filha de um advogado que defende um homem negro acusado injustamente. Lançado quatro anos antes da promulgação da Lei dos Direitos Civis, que deu fim ao sistema de segregação racial nos EUA, o livro de Lee foi uma das narrativas que contribuíram para o debate.

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9788535904116 (1)
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A sangue frio

Não, Truman Capote não nasceu no Alabama e, não, A sangue frio não se passa no Alabama. Mas os pais do papa do jornalismo literário eram de lá, assim como boa parte de sua família. Ele viveu no estado por alguns anos. E sua grande amizade com Harper Lee contribuiu para inscrever o Alabama em sua vida e obra. Ainda que seus livros que tenham o estado como paisagem não estejam publicados no Brasil, como The Grass Harp, sugerimos a leitura de A sangue frio, seu grande clássico que conta a história do brutal assassinato de uma família no Kansas, para adentrar a obra desse mestre que deve ao Alabama parte de sua formação.

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A autobiografia de Martin Luther King

Com base em arquivo inédito de textos autobiográficos do próprio ativista, incluindo cartas e diários não publicados, filmes e gravações, o historiador de Stanford Clayborne Carson, que também é diretor do Martin Luther King Jr. Research and Education Institute, faz deste livro um retrato em primeira pessoa do grande líder da luta por igualdade, paz e justiça.

King não era do Alabama, mas foi entre Montgomery e Selma que ele concretizou um dos feitos mais marcantes de sua trajetória – a marcha que reivindicava direito a voto da população negra. Foi nessa época, década de 1960, por causa de manifestações como essa, que o estado se tornou um dos cenários mais relevantes na luta por direitos civis nos Estados Unidos.

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9788575596838
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Uma autobiografia

Outro fruto do Alabama é a filósofa e ativista Angela Davis, que neste título, lançado originalmente em 1974, narra desde sua infância e juventude até a carreira de professora universitária, assim como o fatídico julgamento que a colocou, de um lado, como ícone do movimento negro e feminista, e de outro, como uma procurada pelo FBI, depois de acusada de de conspiração, sequestro e homicídio, em suposto envolvimento em uma fuga do tribunal do Palácio de Justiça do Condado de Marin, na Califórnia.

A partir de sua história, Davis tece uma crítica contundente sobre uma estrutura criada para criminalizar o movimento negro norte-americano, além de uma reflexão sobre a condição da população carcerária no país.

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Esta valsa é minha

Fizgerald nasceu na capital do Alabama, nos últimos meses do século XIX e virou ícone da década de 1920. Aos 30 anos, porém, demonstrou sinais de depressão e esquizofrenia,tendo passado a maior parte de sua vida em hospitais psiquiátricos, onde escrevia. Em Esta valsa é minha, a autora reorganiza suas ideias por meio da personagem Alabama (sim, Alabama) Knight e conta da infância à sombra de um pai austero, da adolescência no Sul dos EUA, do sonho de se tornar bailarina profissional, das festas, do álcool. E uma mulher que não se conformou em ser apenas esposa do célebre escritor F. Scott Fitzgerald.

9788525065292 (1)
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Tomates verdes fritos

Em um vilarejo isolado do Alabama, um casal inaugura o Café da Parada do Apito, que recebe e acolhe os tipos humanos mais improváveis. Em capítulos curtos e histórias sobrepostas, o livro revela um rico painel humano e social – sem deixar de tratar de amor e amizade, ainda mais em um dos estados mais pobres e repressivos dos Estados Unidos. Inspirou um filme de sucesso no início dos anos 1990.

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Você lembrará seus nomess: antologia de poetas negras dos Estados Unidos do século XX

Uma seleção de dezenove poetas negras estadunidenses que deixaram produções marcantes para a literatura do século XX. Além de poemas das já conhecidas Audre Lorde, Maya Angelou, bell hooks e Alice Walker, o livro traz também duas poetas, premiadíssimas, do Alabama: Harryette Mullen e Sonia Sanchez.

Mullen explora a linguagem e a poesia desde a infância, e hoje, suas obras tratam de questões de raça, gênero e cultura, sem abrir mão de desafiar as convenções poéticas tradicionais. Sanchez, apesar de nascida no Alabama, fez de Nova York seu cenário preferencial. Além de ser conhecida por sua poesia, como professora foi pioneira no campo de estudos afro-americanos.

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Praia Ver lista

Poucas coisas na vida são tão agradáveis quanto estender uma canga na areia quente, sentir a brisa da maresia no rosto e estar na companhia de um bom livro. E quando o livro é que está na praia? E quando esse espaço não é assim tão idílico? Em homenagem ao cenário mais desejado no verão, preparamos uma lista de livros cujas histórias se passam (ao menos em parte) em uma praia nem sempre apaziguadora. 

Tem clássico, tem poesia, tem não ficção, tem graphic novel. Tem Elena Ferrante de férias no litoral sul da Itália, Ana Martins Marques versando sobre o mar, Albert Camus teorizando sobre liberdade e um assassinato cometido na praia. E muito mais. Para quem está perto ou longe do mar, para quem gosta e para quem não gosta de praia. Ou para quem simplesmente quer ler um bom livro neste início de ano de temperaturas escaldantes.  

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A filha perdida

Na obra da autora italiana, a praia tem o poder de revelar segredos íntimos, de servir como gatilho para repensar comportamentos. Talvez pela brisa da maresia, talvez pelo teor contemplativo do cenário.

A praia deste livro é testemunha dos sentimentos conflitantes da protagonista, Leda, que está de férias no litoral sul italiano e observa uma família de napolitanos, em especial uma filha e sua mãe. O encontro desencadeia uma enxurrada de lembranças, que revela algumas ambivalências da maternidade.

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9788535930795
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Coral e outros poemas

A autora, nesta antologia, mergulha no lirismo da água salgada. São as “praias lisas” e as “ondas ordenadas” que, em seus poemas, simbolizam a mais profunda beleza da praia.

Do outro lado, a cidade: “suja, hostil, inutilmente gasta”. Sua resistência ao salazarismo e o caráter combativo estão ali, em cada verso. E é nessa mistura de praias radiantes e denúncias de um mundo sombrio que vive a encantadora poesia de Sophia de Mello Breyner Andresen.

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O estrangeiro

Esse título tem emoção de thriller e força de parábola. Camus narra a história de um homem comum que se depara com o absurdo da vida humana depois que comete um crime numa praia.

Camus é um clássico, e nessa narrativa, impossível de largar, reflete sobre liberdade e condição humana.

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9788582851654

Passei ao farol

Ousada e disruptiva, Woolf promove, neste livro, um mergulho no inconsciente de cada integrante da família Ramsay, uma típica família inglesa às vésperas da Primeira Guerra Mundial.

É numa casa de veraneio na costa escocesa que a narradora relata suas angústias, desde a perda precoce dos pais ao lugar da mulher na sociedade. A praia se apresenta, mais uma vez, como um lugar para exorcizar fantasmas familiares – e que tem num farol seu guia.

9786555680638

Castelo de areia

Duas famílias em uma praia isolada. Tudo aparentemente normal. Até que uma das crianças encontra um cadáver boiando no mar. Logo todos percebem: o tempo ali passa de maneira acelerada. Crianças entram na puberdade, adultos envelhecem e velhos morrem.

Misteriosa, assustadora e envolvente, esta graphic novel é para saborear tanto o texto como as ilustrações elaboradas, bem como suas reflexões sobre vida e morte.

9788535933178
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A vida submarina

Ana Martins Marques acredita que o poema é um lugar para pensar – assim como a praia. Por isso mesmo, seus versos se relacionam, de uma maneira ou de outra, com a imagem onírica do mar e suas possibilidades.

É quase um exercício de observação, porque este é um livro que, com muita sensibilidade, conclui que tudo pode ser formulado no espaço do verso. O desejo amoroso, os hotéis em baixa temporada, a noite silenciosa. De acordo com a autora, os poemas aprendem com o mar a “colocar os corpos em perigo”.

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9788574067735
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Onda

Suzy Lee elaborou um livro que procura abraçar a graciosidade de uma garota curiosa, uma onda brincalhona e um dia feliz perto do mar. Para apreciar e nunca esquecer a delícia que é estar na praia.

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9786586683721
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Notas para um naufrágio

Mar pode ser associado a beleza, poesia e paz. Ou ao seu oposto: pode ser traiçoeiro e perigoso, sobretudo para imigrantes em travessia. Nesta investigação que mistura escrita documental e memória autobiográfica, o naufrágio de um barco é o centro da narrativa. Nas águas que circundam a ilha siciliana de Lampedusa, o leitor navega por histórias de sofrimento, luto, mas também alegria, registradas com muita honestidade e sensibilidade.

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Argentina Ver lista

Nossos hermanos despertam por aqui amor e ódio, mais amor que ódio, ainda bem. A rivalidade se inicia lá no século XIX, na disputa pela liderança na América Latina e, claro, pela região da Cisplatina, e mais tarde invade os campos de futebol. Basta lembrar da disputa pela Taça Libertadores deste ano: de um lado, Fluminense, de outro, Boca Juniors. E a disputa foi acalorada. 

Hoje, a rixa talvez seja já parte do charme que caracteriza a relação desses dois países, que amam se odiar e odeiam se amar tanto. Entre tantas razões para admirarmos a Argentina, como não destacar o fato de Buenos Aires ser a cidade com maior número de livrarias por habitante do mundo? É de dar inveja.

Seja encantamento, seja inveja ou o que for, a Argentina é nosso próximo destino. Mas por um motivo bem mais preocupante do que o número de livrarias: há pouco, o país viveu um cenário muito similar (e assustador) com o que vivemos aqui não faz muito tempo. E lá (como no Brasil em 2018), o pior aconteceu – Javier Milei, um extremista de direita que questiona o número de desaparecidos na ditadura e diz que não vai cumprir o Acordo de Paris sobre o clima, entre tantas outras declarações perigosas, foi eleito.

Enquanto torcemos para que melhores ventos soprem no país de Borges, Cortázar, Silvina Ocampo, Tamara Kamenszain, Saer, Piglia, Bioy Casares, Arlt, Aira, pra não falar em Maradona e Mercedes Sosa, ficamos com uma pequena seleção de livros desse país que a gente ama amar.

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Operação massacre

Uma investigação minuciosa, corajosa, para sempre atual, sobre um caso de fuzilamento de doze homens, suspeitos de participar da tentativa de golpe de Estado que os generais peronistas Tanco e Valle haviam incitado. Walsh transformou-se em referência no jornalismo e na história da Argentina. Depois desse livro, foi mais um dos inúmeros mortos, torturados, desaparecidos durante a ditadura.

Se hoje o país é capaz de olhar para trás e reconhecer os horrores do regimes repressivos que enfrentou, é graças a nomes como de Rodolfo Walsh.

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As primas

A cidade de La Plata dos anos 1940 nunca esteve tão próxima de nós como durante a leitura deste livro: numa mescla desconcertante entre o trágico e o cômico, Aurora Venturini constrói o retrato de mulheres abandonadas – pobres e obrigadas a lidar com deficiências de todos os tipos – em um cenário que lhe é muito familiar: onde passou sua infância.

É um livro que evoca a Argentina nas miudezas: os nomes das personagens, a imigração no país, o surrealismo na arte da protagonista, além de sua sensibilidade e a intensidade à flor da pele na hora de narrar. Bastante latino.

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9786554610254
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O túnel

Não podia faltar um ganhador do prêmio Cervantes na lista. Um romance policial meio às avessas, narrado por um assassino confesso. A proposta e a linguagem chamaram a atenção de Thomas Mann e Albert Camus, e a história rendeu três adaptações para o cinema argentino.

O cunho existencialista, o encontro entre o biográfico e a ficção, além do texto hipnótico – todos são bons motivos para conhecer ou revisitar mais um dos representantes da grandiosa literatura argentina do século XX.

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9786559212675
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Engenheiro fantasma

Eis aqui a melhor maneira de passear pelos cafés, bares, vielas e cantinhos portenhos sem precisar pagar mais do que o preço de um livro. Nessa coletânea inusitada, Corsaletti imagina Bob Dylan em uma temporada na Argentina. O resultado é uma viagem poética deliciosa, que reúne o tom de Dylan e o cenário da capital portenha.

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9786555354027
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O parque das irmãs magníficas

O parque Sarmiento, em Córdoba, é um lugar especial para Camila Sosa Villada. Foi onde ela se sentiu acolhida pela primeira vez e, justamente por isso, tornou-se cenário de seu romance – que é autobiográfico, mas não só: traz uma dose de ficção e toques de fantasia.

Um livro que narra com violência, beleza e absoluta honestidade a história de travestis, especialmente as argentinas das noites magníficas em Sarmiento.

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9786555606669
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Os perigos de fumar na cama

Com um pé no sobrenatural e um tom perturbador, esses contos guiam o leitor por um terror que só a América Latina sabe fazer. Mariana Enríquez é parte de um movimento de autoras do continente que hoje revisitam e reinventam o gênero de uma maneira bastante peculiar.

Tanto é que Enríquez usa o terror a serviço da história da Argentina: joga com o sinisto, o místico, o erótico, e bebe da fonte inesgotável do imaginário fantástico latino-americano.

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Precoce

Sabemos que se envolver em uma leitura absolutamente desconfortável em um cenário e em um tempo já bastante dramático não é uma escolha fácil – mas quando se trata desta argentina, é quase necessário.

Nesse romance perturbador sobre uma mãe e seu filho adolescente que levam uma vida marginal, a angústia e a loucura desempenham papel importante. Ali, o amor é perturbado, e a maternidade, permeada por pulsões carnais e pelo tabu do incesto. É uma leitura difícil, mas, livro bom costuma mesmo causar desconforto.

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Mafalda inédita

A menina mais contestadora e indignada da Argentina sobreviveu (em grande parte pelo seu jeitinho) à ditadura, à censura, à repressão. Justamente por isso, sua presença aqui é essencial: pode servir como norte a nossos hermanos, um símbolo do que nunca perder de vista. Torcemos para que seus questionamentos e críticas (cheios de humor) ecoem para fora dos quadrinhos.

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Salvador Ver lista

Do Rio Vermelho ao Pelourinho, do Farol da Barra a Ondina. Salvador é assim: uma cidade cheia de história e de gente. Com quase 3 milhões de habitantes, a capital da Bahia (e primeira do Brasil, entre 1549 e 1763) é a mais populosa do Nordeste e tem população majoritariamente negra (cerca de 80%), o que lhe rendeu o apelido de “Roma negra” e a herança mais viva da cultura e religiosidade de origem africana. Berço da vanguarda musical, poética e cinematográfica do país, Salvador é assim superlativa no que produz. Inclusive, na desigualdade social e racial, como revelam alguns dos livros dessa nossa viagem. Como em toda lista, ficou de fora muita gente, inclusive seu mais ilustre escritor, Jorge Amado, que, no entanto, é referido em boa parte dos livros abaixo. Ele paira por Salvador e, como verão, pela Salvador que escolhemos mostrar pra vocês. Então, olhemos para Salvador, ou, na gíria local, “ó paí”.

UM DEFEITO DE COR
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Um defeito de cor

Um dos romances mais importantes da literatura brasileira do século XXI, Um defeito de cor retrata a brutalidade da escravidão pela perspectiva feminina e um pouco da história da diáspora africana e sua relação com a “Roma negra”. Nascida no reino de Daomé (atual Benim) e ainda criança trazida à força para o Brasil, a protagonista Kehinde (inspirada em Luísa Mahin, mãe do poeta e abolicionista Luiz Gama) narra a busca por seu filho perdido.

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JORGE AMADO: UMA BIOGRAFIA
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Jorge Amado: uma biografia

Ana Maria Gonçalves conta que ao topar com Bahia de todos-os-santos: guia de ruas e mistérios, de Jorge Amado, entendeu o que chama de serendipidade: “aquela situação em que descobrimos ou encontramos alguma coisa enquanto estávamos procurando outra, mas para a qual já tínhamos que estar, digamos, preparados”. Foi assim com Um defeito de cor, e é assim que qualquer história que se passe em Salvador de alguma forma nos leva até ele, o escritor que narra a Bahia para brasileiros e estrangeiros, e cuja história é contada com rigor e leveza nessa biografia escrita por Joselia Aguiar.

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9788560281923
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Setembro não tem sentido

Foi também Jorge Amado quem apadrinhou a publicação desse romance de estreia de João Ubaldo. Escrito em 1963, o livro só seria publicado cinco anos depois, graças a articulações de Glauber Rocha, que, aliás, o prefacia. Autorretrato de uma geração, como definiria Ubaldo, narram-se duas histórias durante o feriado da Independência em Salvador, a do boêmio Tristão e a do jornalista aposentado Orlando.

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9788535924008
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Poesia total

Baiano de Jequié, o poeta, morto em 2003, é uma das principais referências da contracultura, com estreita ligação com os tropicalistas, mas não só. Artista multitalentoso, escreveu poemas e letras que marcaram época, criou, com Torquato Neto, a revista Navilouca, viveu o também poeta baiano Gregório de Matos no cinema, produziu o disco Veneno antimonotonia, de Cássia Eller, e dirigiu o show emblemático Fa-tal, Gal a todo vapor.

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Odù

Resultado de uma longa pesquisa, esse fotolivro faz o registro poético da Feira de São Joaquim, um dos maiores mercados populares da cidade de Salvador e que se construiu a um só tempo como polo de resistência da cultura negra e das religiões de matrizes africanas.

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Um dia para famílias negras

Passado em 24 horas, esse romance revela o impacto do racismo na vida de duas famílias negras de classe média de Salvador, uma que é orgulhosa de suas origens e outra que as esconde. Trata de questões urgentes como racismo, branqueamento e violência policial.

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Cinco voltas da Bahia e um beijo para Caetano Veloso

O terceiro livro da jornalista portuguesa dedicado ao Brasil nasce em resposta a uma provocação de Caetano Veloso, que, ao comentar um livro seu, disse: “Falta Bahia”. Pois não falta mais. Registrando cinco viagens, num misto de ensaio, reportagem e crônica, Coelho recupera a herança portuguesa e sua relação com a cultura popular, o estado da Bahia e a cidade de Salvador.

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Rússia Ver lista

“Ontem eu sonhei que estava em Moscou/ dançando pagode russo na boate Cossacou”, cantava Luiz Gonzaga em meados dos anos 1940, justamente quando a Rússia bombava por aqui. Nesse período, livros e mais livros russos eram traduzidos, e a Rússia – a essa altura, já parte da União Soviética – era a tal. Mas a verdade é que o país habitava o imaginário brasileiro muito antes disso. Desde as últimas décadas do século XIX, os romances russos faziam enorme sucesso por aqui, um tanto porque os franceses tinham se tornado fãs dos eslavos – e tudo que vinha da França nessa época ecoava por aqui.

Tudo é superlativo na Rússia: maior país do mundo em extensão longitudinal (começa no leste europeu e chega ao norte da Ásia), a Rússia tem 11 fusos horários diferentes. O maior rio da Europa (o Volga) e o maior lago (o Ladoga) também são de lá. As duas maiores cidades (Moscou e São Petersburgo) estão localizadas na sua parte ocidental e é lá que vive a maior parte da população do país, assim como é esse o cenário de boa parte das histórias mais célebres da literatura russa. Anna Karênina, por exemplo, passa a trama se deslocando entre Moscou e São Petersburgo.

Mas, como a literatura russa é tão vasta e diversa quanto o país, foi da Sibéria e do extremo oriente da ilha de Sacalina que Dostoiévski e Tchékhov, respectivamente e cada um à sua maneira, contaram os horrores do sistema prisional russo. É também com um olho para aquilo que nem as noites brancas permitiam ver que, muitos anos depois, Svetlana Aleksiévitch recuperaria o testemunho das mulheres que lutaram no Exército Vermelho em seu A guerra não tem rosto de mulher.

Entre esses dramas, houve a revolução de 1917, que mudou tudo e reorientou as artes. A literatura do período soviético e pós-soviético (o regime ruiu em 1991, com a dissolução da URSS) é, em tudo, muito diferente da produzida no tempo czarista. E isso você vai poder conferir na seleção que fizemos, que vai dos clássicos aos contemporâneos, mas que é como uma matrioska (a famosa bonequinha russa): você abre e vem mais, e mais.

CRIME E CASTIGO
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Crime e castigo

Clássico é clássico. Não é à toa que a mais célebre obra de Dostoiévski (1821-1881) segue conquistando novos leitores mais de 150 anos após sua publicação. Um dos maiores romancistas de todos os tempos, o russo apresenta neste livro a história de Raskólnikov, rapaz esmagado pela pobreza e que pensa estar destinado a um grande futuro. Orgulhoso e sem escrúpulos, ele comete um crime hediondo. 

Por que tanto fuzuê? Entre muitos motivos, pelo talento de Dostoiévski para construir a subjetividade do protagonista — a obra se tornou um marco da análise psicológica — e pelo retrato de uma São Petersburgo povoada por personagens em condições degradantes.

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O NARIZ
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O Nariz

Alguém viu um nariz por aí? Um homem abastado é surpreendido ao acordar sem seu nariz que, mal sabe ele, está do outro lado de São Petersburgo, na mesa de café do seu barbeiro. Os dois se desesperam: um para se livrar da visita indesejada e outro para encontrar a parte que lhe falta. 

Considerado um dos fundadores da literatura moderna russa, Gógol (1809-1852) apresenta neste conto de 1836 alguns elementos marcantes de sua escrita, como o humor, a sátira política e a crítica à burocracia.

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9788574060750
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De quanta terra precisa o homem?

Obcecado pelo desejo de obter mais terras, um camponês aceita o desafio proposto pelo chefe de uma aldeia. Se percorrer a pé toda a terra que almeja em um dia e voltar ao ponto de partida antes do pôr do sol, ele vence. Se não conseguir retornar antes do prazo, perde tudo. 

É o conto mais conhecido de Tolstói (1828-1910)? Não, mas merece sua atenção. Dentro de uma extensa obra, esse livro voltado para o público infantil se destaca por retratar a realidade dos camponeses russos do século XIX, missão que conta nesta edição com a ajuda das aquarelas de Cárcamo.

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9786586064469
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Nós

Conhecida como a distopia original, Nós (1924) inspirou outros grandes clássicos do gênero, como 1984 (1949), de George Orwell. A trama gira em torno de D-503, um engenheiro que, seguindo as ordens do grandioso Estado Único, vive feliz até o dia em que conhece I-303, uma misteriosa mulher que o “contamina” com o amor, o sonho e a imaginação. A partir desse encontro, ele começa a pôr em xeque suas convicções. 

Zamiátin (1884-1937) sofreu perseguição política boa parte de sua vida e foi preso em diferentes ocasiões. “Se eu for verdadeiramente um criminoso que merece punição, não creio que mereça uma punição tão grave quanto a morte literária”, afirmou em carta a Stálin.

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9786555250831
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Meninas

As protagonistas desses contos têm entre 9 e 11 anos, mas, atenção, esse não é um livro para crianças. As narrativas são ambientadas em Moscou em período próximo à morte de Stálin, em 1953, época da infância de Ulítskaia.

Conhecida como uma das mais relevantes vozes da Rússia contemporânea na defesa dos direitos civis, a renomada escritora explora com sensibilidade o mundo interior e as relações das pré-adolescentes, construindo um painel complexo da vida na União Soviética.

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ARQUIPÉLAGO GULAG
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Arquipélago Gulag

Escrita clandestinamente a partir dos depoimentos de 227 sobreviventes dos campos de trabalho forçado da União Soviética e de sua prȯpria experiência como prisioneiro, a obra-prima de Soljenítsyn (1918-2008) é um marco da literatura de testemunho. O vencedor do Nobel de 1970 apresenta, a um só tempo, um relato memorialístico detalhista, uma história dos subterrâneos da Revolução Russa e um ambicioso ensaio político-filosófico. 

Publicado na França em 1973, o livro logo começou a ser lido em rádios europeias e traduzido para diversas línguas. Como resultado, o escritor foi preso por “alta traição” e obrigado a deixar a URSS.

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LAIKA
R$67,00

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Laika

Parece ficção, mas não é! Ou melhor, é e não é. Em 1957, em plena Guerra Fria, a União Soviética enviou para o espaço, como parte da comemoração dos 40 anos da Revolução Comunista, o primeiro ser vivo: a vira-latinha Laika. Misturando realidade e ficção, esta HQ roteirizada e ilustrada pelo quadrinista britânico recupera a história que envolveu não apenas uma corrida espacial, mas também laços e afetos.

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ERA UMA VEZ UMA MULHER QUE TENTOU MATAR O BEBÊ DA VIZINHA
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Era uma vez uma mulher que tentou matar o bebê da vizinha

Tem medo do escuro? Talvez essa leitura seja um pouco forte para você, mas o que são umas poucas noites de olhos abertos? Vencedor do World Fantasy Award, o livro reúne histórias do folclore urbano, alegorias e contos de fadas assustadores que oscilam entre o cômico, o sombrio e o grotesco. 

Um pai que sonha que devora corações humanos, um morto que volta para ser devidamente enterrado e uma menina que nasce dentro de uma folha de repolho são alguns dos personagens que povoam os contos de Petruchévskaia, que teve sua obra banida da União Soviética até o final dos anos 1990, devido a sua carga política.

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Nova York Ver lista

Seria exagero dizer que nosso próximo destino, Nova York, tomou o noticiário nas últimas semanas. Sim, ela esteve lá, como cenário do discurso fantasioso de Bolsonaro na ONU e como protagonista na efeméride dos 20 anos do 11 de Setembro. Mas a verdade é que ela sempre esteve lá: justamente porque está sempre nas notícias é que a cidade foi alvo do covarde e brutal atentado terrorista que em 2001 mudou o mundo, e é por isso que é em NY que a Assembleia das Nações Unidas acontece. A verdade é que, a despeito de todo e qualquer clichê, Nova York é o coração do mundo ocidental.

Cidade mais populosa e cosmopolita de um país que, apesar da importância política e econômica, nem sempre é muito cosmopolita, NY é tão conhecida que mesmo quem nunca pôs os pés nas suas ruas numeradas conhece o Harlem, a Broadway ou o Central Park. Nova York é especial porque reúne nos seus 5 distritos (além de Manhattan, Queens, Brooklyn, Bronx e Staten Island) gente e costumes os mais diversos.

Assim como em Nova York mal cabe tanta gente, aqui acabou não cabendo um tanto de livros que a gente adora: O apanhador no campo de centeio, de Salinger, Nova York, do Will Eisner, Só garotos, da Patti Smith, Terra estranha, de Baldwin, O grande Gatsby, de Fitzgerald, A herdeira, de Henry James, A trilogia de Nova York, de Paul Auster, Homem em queda, de Don DeLillo, e, nossa, poderíamos ficar aqui as cerca de 10 horas de duração de um voo de SP a NY e ainda assim não esgotaríamos os contos, poemas, HQs, romances, fotolivros, ensaios que têm a cidade como cenário ou protagonista.

Ainda que a curva da Covid tenha melhorado, o dólar segue nas alturas e a economia brasileira vai mal – e como Nova York é uma cidade que a gente pode conhecer pelos filmes, pela música ou pelos livros, escolha os seus títulos favoritos, reserve 10 horas de ida e 10 horas de volta e embarque nessa nossa viagem sem sair de casa.

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Contos

Vielas e avenidas, hotéis luxuosos, becos escuros e praças compõem o cenário desses 19 textos com pequenos dramas e comédias da vida cotidiana. Aqui, a grande protagonista é a Nova York da primeira década do século XX, observada pelo autor em suas andanças pela cidade.

Um dos principais contistas norte-americanos, O. Henry “nasceu” na prisão. Foi durante os cinco anos de reclusão por uma fraude bancária que William Sydney Porter (1862-1910) começou a escrever, adotando o pseudônimo para publicar em jornais e revistas. Deu certo — e muito!

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cometa
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O cometa e O fim da supremacia branca

Nova York, 1920. Tudo é silêncio. Um cometa acaba de atingir a Terra, e Jim, um escriturário que no momento da colisão trabalhava nas profundezas de um banco, é o único sobrevivente. Ou assim pensa até encontrar Julia, uma jovem rica, em meio aos escombros.

Ele é um homem negro, ela uma mulher branca, o que faz deste um encontro cheio de tensões e também de novas possibilidades nascidas do colapso. Além desta breve ficção especulativa de Du Bois (1868-1963), a edição conta com um artigo de Saidiya Hartman sobre a atualidade do conto e em que situa no debate racial contemporâneo o pensamento desse escritor, editor, sociólogo, historiador e ativista.

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JAZZ
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Jazz

Harlem, 1926. Joe Trace mata com um tiro sua amante adolescente. No funeral, Violet, mulher de Joe, ataca o corpo da rival. Em seu sexto romance, Toni Morrison (1931-2019) constrói uma história de amor e obsessão em meio à conturbada realidade da população negra na primeira metade do século XX.

“O amor romântico me parecia uma das marcas dos anos vinte, e o jazz seu motor”, dizia a Nobel de Literatura. E em Jazz, a música não é apenas uma trilha no fundo. Mais do que listar referências decorativas, Morrison quis criar uma obra que refletisse a modernidade, a energia explosiva, a anarquia, o improviso e os conflitos do jazz.

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AFETOS FEROZES
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Afetos ferozes

Voláteis, rudes, ferozes. Foram necessários 30 anos para que Vivian Gornick desfizesse parte da imagem nada lisonjeira que tinha de sua mãe e de suas vizinhas, e passasse a compreendê-las.

Neste poderoso e sensível livro de memórias, ela perambula com a mãe idosa pela Manhattan da década de 1940, relembrando a conflituosa experiência de crescer em uma época em que as mulheres começavam a se tornar protagonistas de suas histórias, lutando para encontrar seu lugar e sua voz

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A REDOMA DE VIDRO
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A redoma de vidro

Único romance de Sylvia Plath (1932-1963), que o assinou sob o pseudônimo de Victoria Lucas, A redoma de vidro conta a história de uma moça de Boston que ganha um concurso e vai para Nova York fazer um estágio em uma revista de moda, com entrada assegurada nos mais glamourosos eventos da cidade.

O que para muita gente seria a realização de um sonho torna-se um pesadelo para Esther Greenwood, já que a vida na cidade desperta nela uma enorme crise que a faz questionar seu modo de vida.

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STELLA MANHATTAN
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Stella Manhattan

“A vida é bela. Life is beautiful”, diz Stella Manhattan para si mesma no início deste livro de um dos nossos maiores ficcionistas. Enxotado de casa por seus pais moralistas durante a ditadura militar brasileira, Eduardo da Costa e Silva encontra na Nova York do início dos anos 1970 espaço para dar à luz a atrevida (e subversiva!) Stella.

Sob a proteção de um coronel amigo da família, Eduardo/Stella se vê em uma história envolvendo cruzamento de fronteiras de gêneros e intrigas políticas. Publicado originalmente em 1989, este romance pioneiro antecipou temas ainda hoje no centro do debate.

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ANATOMIA DE UM JULGAMENTO
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ANATOMIA DE UM JULGAMENTO: IFIGÊNIA EM FOREST HILLS

Queens, 2009. Uma judia ortodoxa manda matar seu ex-marido após perder a guarda da filha. Tudo levava a crer que o caso real que ganhou a atenção dos EUA seria de fácil resolução, mas as aparências enganam, como mostra este livro de um dos grandes nomes do jornalismo norte-americano.

Após acompanhar e examinar com minúcia o julgamento para a New Yorker, Malcolm (1934-2021) põe em xeque o sistema judiciário norte-americano, apontando falhas nos procedimentos e fios soltos em uma disputa de narrativas em que não necessariamente vence a verdade, mas, sim, quem conta a melhor história.

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CEÚ NOTURNO CRIVADO DE BALAS
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Céu noturno crivado de balas

Na nossa despedida, Nova York fica mais ao fundo, mas nem por isso fora de foco. Vuong nasceu em Ho Chi Minh (antiga Saigon) em 1988, emigrando para os EUA com a família quando tinha apenas dois anos.

Nesta coletânea de poemas vencedora do prestigiado Prêmio T.S. Eliot em 2017, aparecem um Vietnã dilacerado pela guerra, uma Nova York ferida pela violência e pela intolerância, a experiência de ser imigrante e homossexual em uma sociedade em que seguem marginalizados.

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Cuba Ver lista

Essa pequena ilha caribenha a 77 km do Haiti e a 150 km dos EUA, e que ocupa corações e mentes há tantos anos, é o próximo destino da nossa série Volta ao Mundo: “De Alto Cedro voy para Marcané/ Llego a Cueto y voy para Mayarí”, cantava Compay Segundo. Sim, nós vamos pra Cuba!

Não é recente o interesse do mundo por Cuba. Desde pelo menos os anos 1950, essa singular ilha anima o imaginário brasileiro. Sim, muito antes de “vai pra Cuba!” virar moda, Caetano Veloso cantava “Mamãe eu quero ir a Cuba, quero ver a vida lá”. 

E a vida lá era vasta e estava por se fazer conhecer: desde a revolução de 1959 até Fidel Castro, o líder que se perpetuou no poder por décadas e era conhecido por seus discursos longuíssimos, passando por Che Guevara, o revolucionário carismático que virou ícone juvenil. Cuba era o país que havia erradicado a fome, investido em saúde e educação; mas também cerceado liberdades e perseguido dissidentes. O país das praias lotadas de turistas e ainda o país que, com o embargo econômico americano e com o fim da União Soviética, empobreceu drasticamente.

Se você acha que Cuba se resume a Che, Fidel, “Guantanamera”, charutos, medalhas olímpicas e a lembrança de um time de vôlei feminino que, anos atrás, infernizava o brasileiro, é hora de ir além da Sierra Maestra. Cuba é também Teresa Cárdenas, Gabriel Cabrera Infante, Leonardo Padura, além de tantos outros autores que ficaram de fora da nossa seleção, como José Martí, Alejo Carpentier e Reinaldo Arenas. É a história de um país que faz história nos livros e também nas ruas.

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HISTÓRIA DA REVOLUÇÃO CUBANA

Esqueça o guia de turismo! Nossa viagem começa com uma radiografia da Revolução Cubana e do que vem acontecendo na ilha desde meados dos anos 1950.  Uma das principais especialistas em América Latina nos Estados Unidos, a historiadora e ativista Aviva Chomsky — sim, filha dos linguistas Noam e Carol Chomsky — é quem nos conta toda essa história.

De maneira concisa e clara, Aviva relembra episódios essenciais da Revolução — como a ascensão de Fidel Castro –, o embargo norte-americano a Cuba e os efeitos do fim da União Soviética,  além de analisar aspectos políticos, econômicos, sociais, culturais e artísticos da vida na ilha.

A edição brasileira, publicada em 2015, conta ainda com um adendo sobre a reaproximação com os Estados Unidos ensaiada durante o governo Obama. 

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CORPOS DIVINOS

Com sua ironia e elegância características, um dos mais reconhecidos jornalistas e escritores cubanos narra, nessa “autobiografia velada”, aventuras políticas, intelectuais e eróticas envolvendo personagens como Che Guevara e Ernest Hemingway. 

Publicado dez anos após a morte de Cabrera Infante (1929-2005), o romance  reconstitui o biênio 1957-59, decisivo em sua vida e na história de Cuba. Inicialmente um apoiador da Revolução, tornou-se, já nos anos 1960, um dos grandes desafetos de Fidel Castro .

O Brasil aparece no relato da viagem que fez acompanhando a comitiva de Fidel em 1959. Ele relembra passeios de bonde no Rio, um show da cantora Maysa em São Paulo e aventuras amorosas. 

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O VELHO E O MAR

Hemingway (1899-1961) não só foi para Cuba como ficou 10 anos por lá. Foi em sua casa em Havana  que o escritor estadunidense  escreveu seu último livro publicado em vida e talvez o mais célebre: O velho e o mar (1952). Vencedor do prêmio Pulitzer em 1953, o romance narra o embate entre o velho pescador Santiago e um peixe descomunal de quase 700 quilos.

Hemingway disse a seu editor que aquilo era “o melhor que ele podia escrever” em toda a sua vida. Para muitos críticos, a obra-prima do autor pode ser lida como uma metáfora de seu processo artístico e da dificuldade de alcançar o reconhecimento. 

Patrick Hemingway, filho do escritor, afirmou ao jornal The New York Times que uma das razões da depressão do pai, que culminaria em seu suicídio, em 1961, foi ter sido obrigado a deixar Cuba quando os EUA romperam relações diplomáticas com a ilha.

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TRILOGIA SUJA DE HAVANA

Composta por relatos curtos, Trilogia suja de Havana parte de experiências pessoais do autor para contar histórias de prostitutas, gigolôs, mendigos, homossexuais e contrabandistas — personagens à margem do ideal revolucionário.

Com linguagem direta, Gutiérrez nos conduz por uma Havana sensual, contraditória, perigosa e fascinante, marcada pela crise econômica, o desencanto e a luta pela sobrevivência.

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CARTAS PARA A MINHA MÃE

Vencedora de diversos prêmios literários, como o Casa de las Américas, a escritora, atriz, contadora de histórias e assistente social deu voz, em seu romance de estreia, às meninas negras, tão pouco representadas na literatura cubana.

Em Cartas para a minha mãe, lançado em 1997, uma garota  escreve para a mãe já morta, compartilhando anseios, dores e episódios cotidianos em que é vítima do racismo, inclusive da própria família.

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O HOMEM QUE AMAVA OS CACHORROS

Um dos escritores mais lidos e premiados da América Latina, Padura viu sua carreira ser catapultada com este thriller histórico.

Reunindo pesquisa rigorosa e ficção envolvente, este romance ambientado em Cuba no ano de 2004  é narrado por Iván, um aspirante a escritor que se debruça sobre o assassinato de Trótski.

A partir de encontros com um homem misterioso que compartilha detalhes sobre o assassino do revolucionário bolchevique, Iván analisa as revoluções Espanhola, Russa e Cubana, ao mesmo tempo que relata suas experiências na Cuba moderna.

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nunca vai embora
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NUNCA VAI EMBORA

Lançado em 2011, Nunca vai embora faz parte da coleção Amores Expressos, que enviou 16 escritores brasileiros a diferentes cidades do mundo com o objetivo de escrever histórias de amor. O paulistano Chico Mattoso foi um deles! Passou 30 dias em Havana para escrever este romance.

Na trama, um jovem dentista viaja para Cuba com a namorada cineasta para filmar um documentário na cidade. Quando ela desaparece misteriosamente, ele começa a transitar por uma Havana não turística, descrita com humor e melancolia. 

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NOCAUTE: 6 POETAS / CUBA / HOJE

“Há poetas que ganham por pontos e poetas que ganham por nocaute. Há poetas passivos que esperam que uma correnteza os carregue e outros que fazem barulho e estardalhaço em meio à mais presunçosa dela”, define o poeta José Ramón Sánchez na introdução desta coletânea que ele organizou.

Com poemas do próprio Sánchez e também de Oscar Cruz, Jamila Medina Ríos, Javier L. Mora, Legna Rodríguez Iglesias e Pablo De Cuba, esta edição bilíngue apresenta a mais jovem e ativa geração de poetas da ilha. 

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México Ver lista

Nosso novo destino é o hermano mais ao norte, o México. Sempre lembrado por aqui como o palco do tri mundial e de vez em quando pela pimenta, pela tequila e pelo mescal, hoje será também por algo que não fica nada atrás desses outros feitos, muito pelo contrário: sua literatura.

O México, antes de ser México, abrigou algumas das mais incríveis civilizações pré-colombianas. Localizado entre o Pacífico e o Golfo do México, o segundo maior país da América Latina faz fronteira ao norte com os Estados Unidos. E não é qualquer coisa fazer fronteira com o país mais poderoso do mundo. Há uns anos, Trump (sim, quem mais...), para evitar a imigração, ergueu um muro “barra-estrangeiro”. Uma parte do muro ruiu na semana passada, o Trump ruiu (ele todo) no ano passado, mas o México segue tão firme como a Pirâmide do Sol, em Teotihuacán. 

O intercâmbio do México com o resto do mundo é intenso faz tempo. No fim dos anos 1930, abrigou escritores e intelectuais que fugiam da ascensão de regimes totalitários na Europa. Foi lá que André Breton e Leon Trótski escreveram juntos o “Manifesto por uma arte revolucionária independente”. Graham Greene também passou por lá, assim como anos antes D. W. Lawrence – mas aí era outra turma e outra história.

Hoje, vamos conhecer um México diverso e curioso, como apresentado nas fotografias de Manuel Álvarez Bravo e nas páginas de Juan Rulfo, Octavio Paz, Valeria Luiselli, Juan Pablo Villalobos, Guadalupe Nettel, Margo Glantz e também do chileno Roberto Bolaño.

E como um dos costumes mexicanos mais conhecidos é homenagear seus mortos com grandes festas, não podemos deixar de celebrar Alfonso Reyes, Rosario Castellanos, Carlos Monsiváis, Carlos Fuentes e Sergio Pitol. Um brinde a todos eles: “arriba, abajo, al centro y adentro!”.

Prontos para embarcar?

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SOR JUANA DE INÉS DE LA CRUZ OU AS ARMADILHAS DA FÉ

Com o talento e a maestria que são marcas de sua obra, Octavio Paz (1914-1998) se debruça sobre a vida dessa personagem extraordinária: a freira poeta Juana Inés de la Cruz.

Considerada a primeira escritora de língua espanhola da América, a freira vanguardista compôs poemas e comédias teatrais e ousou defender o direito da mulher à educação, entre outros feitos. . 

Para contar essa história, o Nobel de Literatura mistura ensaio, biografia, antropologia e crítica literária.

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PEDRO PÁRAMO 

Publicado em 1955, Pedro Páramo é considerado um marco da literatura latino-americana e um divisor de águas na literatura mexicana.

A trama gira em torno da promessa que Juan Preciado fez à mãe quando ela estava no leito de morte: procurar o pai, Pedro Páramo, um lendário assassino. Conciso e narrado por diversas vozes, o romance transita entre o regionalismo e o realismo fantástico.  

Apesar da obra enxuta – escreveu apenas um livro de contos e dois romances –, Juan Rulfo (1917-1986) é tido como um dos maiores escritores mexicanos. Recebeu o Prêmio Nacional de Literatura do México, em 1970, e o Prêmio Príncipe das Astúrias, em 1983.

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FOTOPOESIA

Considerado o mais importante fotógrafo mexicano do século XX, Manuel Álvarez Bravo (1902-2002) explorou vários temas, sempre em busca de captar a realidade de seu país. 

Seu trabalho dialoga com diversos movimentos artísticos dos anos 1930, período em que artistas e intelectuais europeus migraram para o México.

Fotopoesia reúne 374 imagens de Bravo, entre cenas rurais e urbanas, naturezas-mortas e retratos de artistas como Juan Rulfo, Octavio Paz e Frida Kahlo. O livro conta ainda com ensaios assinados pelos romancistas John Banville e Carlos Fuentes.

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O ARQUIVO DAS CRIANÇAS PERDIDAS

A crise migratória está no centro da discussão deste romance, que oferece um olhar empático e humano à questão. Problemas familiares e políticos se misturam na road trip de uma família que vai de Nova York à terra dos Apaches no Arizona. Pelo rádio do carro chegam diariamente notícias de crianças e jovens que cruzam a fronteira do México para os Estados Unidos e acabam presos ou perdidos no deserto.

 

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2666
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2666

Não, não trocamos as bolas: Roberto Bolaño (1953-2003) era chileno, mas viveu a adolescência no México, onde se passa boa parte de suas histórias. Ele volta a sua terra natal pouco antes do golpe que depôs Salvador Allende. E, em 1977, muda-se para a Espanha, país em que inicia sua carreira literária. 

2666 é, para muitos, não apenas sua maior obra como também o grande romance em língua espanhola de seu tempo. Lançado um ano após a morte de Bolaño, esse calhamaço de quase 900 páginas carrega o realismo e o sarcasmo característicos do autor.  

O livro é composto por cinco romances interligados por duas tramas centrais: uma série de assassinatos de mulheres na fronteira México-Estados Unidos e a busca por um recluso escritor alemão.

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ninguém precisa acreditar em mim
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NINGUÉM PRECISA ACREDITAR EM MIM 

Vencedor do Prêmio Herralde de Novela em 2016, este romance de traços autobiográficos conta a história do jovem mexicano Juan Pablo, que antes de partir para um doutorado na Espanha é convocado para uma reunião com narcotraficantes – o que se mostrará fatal para a sua viagem.

Villalobos constrói uma trama hilária e absurda, repleta de personagens excêntricos, misturando narração em primeira pessoa, cartas da mãe do estudante e trechos do diário da namorada do protagonista.

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o corpo em que nasci
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O CORPO EM QUE NASCI

“E se alguém se crê normal, será melhor que se apresse a esconder as antenas”, diz Juan Pablo Villalobos (olha ele aqui de novo!) na apresentação deste livro que, também ele, mescla realidade e ficção.

Nettel se inspira na própria trajetória para descrever acontecimentos da infância e da adolescência que foram cruciais para a construção de sua personalidade. Na origem de seu sentimento de inadequação está uma mancha no olho que borra tudo o que enxerga.

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e por olhar tudo
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E POR OLHAR TUDO, NADA VIA

Autora de mais de 25 livros, Margo Glantz é uma figura central da intelectualidade mexicana. Foi professora visitante em universidades como Harvard, recebeu bolsas como a Guggenheim e diversos prêmios literários, entre eles o Sor Juana de la Cruz (2003).

Constituído por um único parágrafo que se estende por mais de 200 páginas, E por olhar tudo, nada via apresenta um mosaico de notícias, memórias e emoções que nos convidam a refletir sobre a enxurrada de informação e discursos a que somos submetidos diariamente.

Glantz coloca numa mesma página aforismos de Kafka e feminicídios no México; o terror do Estado Islâmico e os vícios do ator Charlie Sheen; a extinção das abelhas e a descoberta de um sistema solar próximo ao nosso. 

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Brasília Ver lista

Próximo destino: Brasília. Apesar da pouca idade, a capital federal mereceria umas três voltas ao mundo para que conseguíssemos dar conta de suas histórias. 

Sua idealização é antiga e custou muitos e muitos anos para tomar forma. A narrativa histórica, por exemplo, incluiria José Bonifácio, Dom Bosco e Louis Ferdinand Cruls, que no fim do século XIX chefiou a missão exploratória da região.

Outra narrativa é a da sua construção: o traçado de Lúcio Costa -- que, cruzando dois eixos, deu forma à cidade --, os edifícios de Niemeyer, os jardins de Burle Marx, as fotos de Gautherot. Essa Brasília, esse “monumento no Planalto Central do país”, foi inaugurada em 21 de abril de 1960. Quatro anos mais tarde, o país sofreria o golpe militar que instituiu uma ditadura que duraria duas décadas. A cidade foi especialmente marcada pelos anos de chumbo e a resistência se deu em várias frentes. Nos últimos anos da ditadura, jovens de Brasília foram fundamentais na criação do rock nacional, e seu maior expoente virou um ícone: Renato Russo. Pergunte a alguém que viveu os anos 1980 se não sabe de cor as canções do Legião Urbana. Essa é uma outra forma de narrar Brasília, sua beleza e sua miséria.

Disseram na Câmara

Quem não estiver seriamente preocupado e
perplexo
não está bem informado

Os versos soam familiares? Pois foi muito antes do atual governo que o arguto Chico Alvim lançava em versos essas pérolas cotidianas tão nossas. Aliás, a crise sanitário-política que se alastrou pelo Brasil e tem Brasília como epicentro também já foi narrada em livro.

Sim, a gente pode contar Brasília pela política, em ensaio, romance, HQ ou poesia. A cidade em forma de avião, dona de um céu conhecido pela beleza, que reúne gente do país inteiro, do mundo todo, pode ser contada e cantada de várias formas. É hora de você escolher a sua!

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CIDADE LIVRE

“Brasília é um romance digno de ser contado”, dizia a frase retirada de um dos cadernos em que o pai de João Almino registrava sentenças de estrangeiros que visitavam a cidade em construção. Almino então contou essa história. 

Finalista dos prêmios Jabuti e Portugal-Telecom 2011, seu quinto romance ambientado em Brasília toma emprestado o nome da área criada para receber os candangos — como eram chamados os trabalhadores que construíram a cidade.

Na trama, um jornalista resgata memórias de infância em conversas com o pai, que está à beira da morte. Há descrições detalhadas de eventos que precederam a inauguração da capital e uma fauna variada de personagens como empreiteiros, operários, místicos e políticos.

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MONUMENTALIDADE E SOMBRA

Vistas as fundações, passemos à arquitetura. Em sua tese, Heloisa Espada analisa um conjunto de imagens do eixo monumental de Brasília feitas pelo fotógrafo francês Marcel Gautherot no início da década de 1960.

Gautherot foi o principal documentarista e divulgador da arquitetura moderna brasileira, com imagens publicadas em revistas do mundo todo nos anos 1950-1960. Para Lúcio Costa, ele era o “mais artista” dos fotógrafos.

Em Monumentalidade e sombra, Espada  examina o sentido épico das imagens e suas diversas camadas de significados. De acordo com a autora, as sombras e vazios presentes nas fotos dialogariam com o teor melancólico de narrativas literárias e críticas sobre a “capital da esperança”.

 

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RENATO RUSSO: O FILHO DA REVOLUÇÃO

Nascidos no mesmo ano, Renato Russo (1960-1996) e Brasília se conheceram quando, aos 13 anos, o futuro líder do Legião Urbana se mudou do Rio para a capital federal. A adolescência de Renato na jovem Brasília durante a ditadura militar revela muito da gênese de um dos maiores ídolos da música brasileira. 

Essa minuciosa biografia é fruto de mais de nove anos de pesquisa e centenas de entrevistas com amigos, parentes e artistas que conviveram com Renato Russo. Além de contar em detalhes a vida do músico, Marcelo retrata o ambiente político e cultural do Brasil nos anos de chumbo e o surgimento  do rock nacional. 

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UM GRANDE ACORDO NACIONAL

Nesta narrativa gráfica, o jornalista Robson Vilalba reconstitui em quadrinhos momentos decisivos para a queda da primeira presidenta do Brasil e a consequente ascensão da extrema direita.

Com traços torcidos e propositalmente desconfortáveis, o autor retoma cenas da operação Lava Jato, da trajetória da jurista Janaína Paschoal e do deputado Eduardo Cunha, culminando no impeachment de Dilma Rousseff.

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APAGUE A LUZ SE FOR CHORAR

O romance de estreia da goiana (radicada em Brasília) combina suspense, ação e delicadeza. A história é narrada, em capítulos alternados, por Cecília e João, ambos às voltas com questões financeiras e a finitude da vida.

Ela é uma jovem desempregada que retorna à cidade natal no interior do Centro-Oeste para enterrar os pais. Ele é um pai solteiro em busca de outras formas de ganhar dinheiro para custear o tratamento do filho com paralisia cerebral.

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GUERRA À SAÚDE

Ciúme. Esta seria a principal razão do rompimento entre Bolsonaro e o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, segundo Ugo Braga, diretor de comunicação do Ministério da Saúde na gestão Mandetta. 

Os bastidores das crises sanitária e política provocadas pela chegada do novo coronavírus ao Brasil estão em Guerra à Saúde, no qual Braga também descreve reuniões, debates acalorados e personagens na mira da imprensa e da CPI da Covid em 2021.

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FRANCISCO ALVIM, 80 ANOS

Nascido em Araxá (MG), Chico Alvim viveu boa parte da vida no Rio de Janeiro e, como diplomata, representou o Brasil em países como França e Costa Rica, até que em 2011 se estabeleceu em Brasília – cidade cujo céu e cuja luz o inspiram. 

Lançada em 2018 em homenagem aos 80 anos de vida de Alvim, esta breve antologia reúne poemas de todos os livros de um dos mais importantes poetas da geração mimeógrafo. 

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Chile Ver lista

Chegamos ao Chile, único país sul-americano, além do Equador, a não fazer fronteira com o Brasil. 

“Devolva o Neruda que você me tomou e nunca leu” – quem nunca escutou esses versos de “Trocando em miúdos”, de Chico Buarque? No início dos anos 1970, quando o Brasil vivia os piores anos da ditadura militar, o Chile era o destino de muitos exilados, animados com o governo de Salvador Allende. Foi por essa época, em 1971, que o poeta chileno Pablo Neruda ganhou o Nobel de Literatura, sendo festejado como parte dos bons ventos chilenos desse começo de década, logo transformados em tempestade pelo golpe sangrento de Pinochet.

Espremido entre a Cordilheira dos Andes e o oceano Pacífico, o Chile tem deserto e tem geleira, tem mar, tem lagos e vulcões. Sua literatura e sua vida intelectual refletem essa multiplicidade, assim como mostram as cicatrizes deixadas pelo período pinochetista.

Para caminhar por esse território de cerca de 4,3 mil quilômetros de extensão norte-sul e apenas 200 quilômetros de leste a oeste, acabamos deixando muita gente boa de fora, como Roberto Bolaño, que, apesar de ter vivido muitos anos fora de seu país natal, era chileno – seu Noturno do Chile, entre outros livros, não nos deixa esquecer disso.

Começamos com os poemas de Gabriela Mistral e de Nicanor Parra. De lá, vamos aos prosadores da nova geração: Alejandro Zambra, Nona Fernández, Alejandra Costamagna e Lina Meruane. Depois deles, celebramos o encontro de uma das maiores escritoras chilenas em atividade, Diamela Eltit, com a célebre fotógrafa Paz Errázuriz (que, aliás, aos 76 anos, registrou com sua câmera as manifestações chilenas recentes).

Boa viagem (e devolva o Neruda, mas não antes de ler!).

balada da estrela e outros poemas

BALADA DA ESTRELA E OUTROS POEMAS

Primeiro nome da América Latina a ganhar o Nobel de Literatura notícia que recebeu quando morava em Petrópolis, aqui no Brasil, em 1945 , Gabriela Mistral (1889-1957) conciliava a criação literária com sua carreira nas áreas de educação e de diplomacia.

Esta coletânea de poemas oferece às crianças um primeiro encontro com a sua poesia musical, cheia de ternura e de vida.

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SÓ PARA MAIORES DE CEM ANOS

Outro dos maiores poetas do Chile, Nicanor Parra (1914-2018) revolucionou a literatura de seu país e influenciou gerações de escritores em todo o mundo com sua antipoesia uma poesia mais próxima à língua cotidiana, falada nas ruas, subversiva e provocadora. 

Recebeu prêmios como Reina Sofía de Poesia Iberoamericana em 2001 e o Miguel de Cervantes em 2011, e foi diversas vezes indicado ao Prêmio Nobel de Literatura. Ah, tem mais: o talento é de família. Era irmão da grande cantora Violeta Parra (1917-1967).

Primeira grande antologia do poeta publicada no Brasil, esta edição bilíngue reúne 75 poemas de seus principais livros, como Poemas e antipoemas, até hoje considerado um marco da poesia sul-americana.

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MÚLTIPLA ESCOLHA

Um dos escritores chilenos contemporâneos mais aclamados pelo público e pela crítica internacional, Zambra é conhecido por combinar em sua obra indignação, humor e delicadeza. Aqui ele trata de temas que desafiam a sociedade, como a desigualdade, a memória e a educação. 

Tudo é feito através de fragmentos líricos e exercícios de linguagem criados a partir da estrutura da Prova de Aptidão Verbal, aplicada de 1966 a 2002 aos candidatos a vagas em universidades no Chile. O resultado é um livro de estilo único.

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space invaders

SPACE INVADERS

Não, não estamos falando do clássico jogo de Atari lançado em 1978. Mas também não é mera coincidência que o livro pegue seu nome emprestado. Alusões ao videogame atravessam a narrativa sobre a memória de uma geração de crianças que cresceu sob a repressão da ditadura militar de Pinochet.

Saem de cena os choques entre humanos e invasores espaciais, entram os conflitos entre opositores e regime. Um grupo relembra uma amiga de infância desaparecida que, só agora descobrem, era filha de um funcionário de alto escalão do governo. A cantora e escritora Patti Smith é fã e afirma: “Uma pequena joia de livro”.

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IMPOSSÍVEL SAIR DA TERRA

Com dez contos e uma novela, este livro mostra por que Costamagna é um dos principais destaques da literatura latino-americana contemporânea. É no relato curto que ela se supera.

Escritas numa prosa precisa e delicada, as histórias de Costamagna são cheias de referências internas. Mas seu principal elemento comum é que elas aproximam o leitor da natureza estranha da vida, em suas surpresas e contradições.

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SISTEMA NERVOSO

Um romance sobre nossa instabilidade como seres vivos e o sentimento de perda. Na trama, uma pesquisadora radicada nos Estados Unidos vê os esforços dedicados a sua tese de astronomia serem interrompidos quando descobre que está doente. 

Sua doença é apenas a primeira de tantas outras que são exploradas no livro: a de seu casamento, de sua relação com a família que está longe, as do país em que vive e do país de onde veio.

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O INFARTO DA ALMA

Um dos grandes fotolivros latino-americanos do século XX, O infarto da alma reúne a fotógrafa Paz Errázuriz e a escritora Diamela Eltit, autora de Jamais o fogo nunca e do recém-lançado Forças especiais

Com imagens e palavras, o registro dos casais formados no hospital psiquiátrico Philippe Pinel, em Putaendo, desafia as tradicionais representações da loucura e do amor, que, em comum, têm “tendência a se fundir, a se confundir com o outro”.

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ANTOLOGIA POÉTICA

Acharam que a gente ia deixar Pablo Neruda (1904-1973) de fora? Esta Antologia poética recém-lançada fecha a nossa lista, que, vejam só, começou com outra poeta vencedora do Nobel.

A edição bilíngue reúne poemas desde o seu primeiro livro, Crepusculario (1923), até Las manos del día (1968), e inclui prefácio de Jorge Edwards, escritor, diplomata e amigo pessoal do poeta, além de breve cronologia da vida e da obra de Neruda, feita pela escritora e crítica literária Margarita Aguirre.

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Colômbia Ver lista

O terceiro destino da nossa Volta ao Mundo é o mais populoso entre os países de língua espanhola da América do Sul. No comecinho do século 19, Alexander von Humboldt, o famoso naturalista alemão, impressionou-se com sua diversidade de fauna e flora. Presença frequente no noticiário recente por causa das manifestações que, em maio de 2021, vêm mobilizando os mais jovens e sendo duramente reprimidas pelas forças policiais, a Colômbia é tão diversa quanto os livros lá produzidos.

Uma pequena amostra está na seleção que preparamos. Afinal, a Colômbia tem oceano Pacífico, tem mar do Caribe e tem floresta amazônica, assim como tem Shakira, Uribe-Holguín, Botero e Gabriel García Márquez. Mas vêm da Colômbia também autores como Laura Restrepo, William Ospina e Fernando Vallejo – para lembrar escritores que poderiam estar na nossa seleção e que também merecem ser visitados.

Na impossibilidade de embarcar e subir o rio Magdalena, tentamos resgatar, através de sete livros, esse país múltiplo, complexo e, apesar de vizinho, pouco conhecido. O cartão de visitas é Gabo, mas não o de Cem anos de solidão ou de O amor nos tempos do cólera: é com O outono do patriarca que damos nossos primeiros passos em território colombiano. Seguimos pra Cali, onde se passa Viva a música!, clássico cult de Andrés Caicedo, e parte de Vírus tropical, HQ de Power Paola. Se tomamos o rumo oeste, chegamos ao cenário de A cachorra, de Pilar Quintana. Subindo em direção à porção caribenha -- e também a mais africana -- da Colômbia, chegamos à pequena Palenque (perto da tão famosa quanto bela Cartagena das Índias), onde se passa a delicada história Letras de carvão. E é de lá que partimos para a ilha de San Andrés, onde se desenrola Os cristais do sal, de Cristina Bendek. Fechando nosso giro, Angosta, narrativa distópica que Hector Abad situa numa capital imaginária e brutalmente desigual.

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O outono do patriarca

Em seu primeiro romance após Cem anos de solidão, Gabriel García Márquez (1927-2014) conta a história do ditador de um país incerto que, entre vários atos, canoniza sua mãe, nomeia o filho general no dia de seu nascimento e vende o mar a uma potência estrangeira.

Os delírios do tirano e sua decadência funcionam como uma alegoria, ainda hoje  muito atual, do autoritarismo na América Latina.

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Vírus tropical

Uma das mais conhecidas ilustradoras latino-americanas, a equatoriana/colombiana Power Paola conta nesta HQ autobiográfica a história de sua família. Começa com o seu nascimento nada planejado, em Quito, no Equador, e se desenrola em Cali, na Colômbia, para onde se mudou na adolescência.

Com bom humor, inteligência e lindas ilustrações, Paola narra cenas de ciúme e companheirismo entre irmãs, conflitos entre pais e filhos, bullying na escola, primeiras descobertas sexuais e primeiros amores. 

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Viva a música!

Seguimos em Cali. Dessa vez, quem conta a história é María del Carmen. Endinheirada, vaidosa, cheia de energia, apaixonada por salsa, rock, garotos e garotas, ela narra, neste livro que mistura reflexões e letras de música, seu mergulho no submundo de festas, sexo e drogas dos anos 1970.

O único romance de Caicedo (1951-1977) virou um sucesso cult, foi traduzido para diversos idiomas, adaptado para o cinema e eleito pelo jornal El Espectador o segundo livro mais importante da literatura colombiana no século 20, atrás apenas de Cem anos de solidão.

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A cachorra

Um dos destaques da Flip 2020, Pilar Quintana conquistou público e crítica com este breve romance sobre vidas marginalizadas, silenciamentos e dilemas da maternidade. Em um pequeno balneário no Pacífico colombiano, Damaris vive uma vida solitária, marcada por tragédias e pela frustração de não conseguir engravidar.

A decisão de adotar a cachorra da ninhada de uma vizinha faz aflorar emoções contraditórias e  detona uma série de transformações que levam Damaris a questionar se a chegada de Chirli contribuiu para sua vida entrar nos eixos ou perder o rumo de vez.

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Letras de carvão

No pequeno povoado de Palenque, onde quase ninguém sabe ler, uma menina se aventura a juntar letras e formar palavras para ajudar sua irmã a decifrar as cartas que recebe, abrindo um mundo de possibilidades para todos.

Baseada nas experiências da autora em oficinas ministradas em comunidades quilombolas e indígenas, este livro trata da possibilidade de alfabetizar e formar leitores respeitando e preservando suas tradições.

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Os cristais do sal

Com este romance, nos afastamos bastante do continente e vamos parar em San Andrés, ilha no Caribe, hoje objeto de disputa entre Colômbia e Nicarágua.

Ao retornar a San Andrés, Victoria Baruq entra em contato com movimentos de afirmação da identidade raizal e histórias desconhecidas de sua família, o que a faz questionar sua relação com o lugar onde nasceu.

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Angosta

A história gira em torno do Gran Hotel La Comedia, uma pensão em uma capital fictícia da América Latina onde ricos e pobres são separados por uma grande muralha. Ali, vivem personagens como Jacobo, um dono de sebo desencantado, e Andrés, um jovem poeta que acredita poder mudar o mundo.

À medida que a segregação e a miséria crescem, aumenta a tensão entre os muitos que tentam sobreviver e os poucos privilegiados que desejam preservar o que chamam de ordem. Situada em um futuro indeterminado, a trama distópica é um alerta contundente para os perigos da crescente desigualdade social.

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China Ver lista

O  segundo destino da nossa Volta ao Mundo é o país com a maior população da Terra. Cerca de 1,4 bilhão de habitantes ocupam o vasto território de climas variados e enorme diversidade da China. 

Nas últimas décadas, o gigante asiático assumiu importância política e econômica tal que cada passo seu no xadrez mundial é seguido com lupa. A verdade, contudo, é que esse país milenar sempre habitou o imaginário ocidental, e não são poucos os livros que falam disso.

Conhecida por sua cultura sofisticada, a China passou por grandes transformações com a implantação da República Popular da China, depois da revolução de 1949. As narrativas que chegam de lá falam das longas dinastias que governaram o país, mas também do impacto da revolução de Mao Tsé-tung.

Em 1989, o mundo assistiu ao Massacre na Praça da Paz Celestial, quando forças militares reprimiram brutalmente manifestantes que pediam liberdade e democracia. Nos últimos anos, testemunhamos um país que se agigantava economicamente se apequenar na repressão às liberdades individuais. E no fim de 2019, a China viu todos os holofotes apontarem para ela quando os primeiros casos do novo coronavírus foram reportados na cidade de Wuhan.

A distância de São Paulo a Pequim é de mais ou menos 18 mil quilômetros. Com a seleção que preparamos, esperamos encurtar essa lonjura e que, com essas leituras, você possa conhecer um pouco mais desse país complexo, fascinante, diverso e imenso.

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Os Analectos

Antes de tudo, havia Confúcio. Nascido em 551 a.C., em uma região dominada por conflitos, o sábio vagou de reino em reino tentando, sem sucesso, convencer os governantes a abandonar as armas. Uma sociedade harmoniosa, em ordem e sem opressão, era um dos pilares de sua filosofia, que valorizava também a educação, a disciplina.

Os Analectos reúne os ensinamentos transmitidos pelos seguidores de Confúcio (551 e 479 a.C.) de geração em geração. Séculos após sua morte, o sistema de ideias conhecido como confucionismo passaria a nortear a sociedade chinesa. Traduzida diretamente do chinês arcaico para o português por Giorgio Sinedino, esta edição inclui comentários sobre os aforismos.

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NA TERRA DO CERVO BRANCO

A queda da dinastia Qing, as disputas entre os partidos Nacionalista e Comunista, Segunda Guerra Mundial e a invasão japonesa, a onda de mudanças na China na primeira metade do século XX são  o pano de fundo deste romance. 

Através da história de duas famílias que se alternam no poder na planície que dá nome ao livro, este clássico da literatura chinesa moderna trata dos desafios e das estratégias de sobrevivência em meio a situações extremas.

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CISNES SELVAGENS

Filha de uma funcionária e de uma autoridade do Partido Comunista, a autora viu seus pais serem injustamente condenados como “sequazes do capitalismo”. A partir daí, ela, que aprendera a amar e cultuar Mao Tsé-Tung, e que inclusive havia se juntado à Guarda Vermelha, passou a questionar sua devoção ao líder.

Em Cisnes selvagens, Jung Chang mergulha nas memórias de sua avó, de sua mãe e dela mesma para lançar luz sobre as mudanças pelas quais a China passou desde os tempos feudais até a Revolução Cultural e como os acontecimentos atravessaram a vida dessas três gerações de mulheres de sua família.

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uma vida chinesa

UMA VIDA CHINESA

Virtuose do nanquim, o ilustrador chinês Li Kunwu conta, no primeiro volume dessa HQ autobiográfica realizada com o diplomata francês Philippe Ôtié, como foi crescer em meio às grandes reformas sociais promovidas por Mao Tsé-Tung.

Através da história de sua infância e adolescência, o narrador conta como  a revolução foi convertida em um período de perseguição e terror. Entre os episódios ilustrados estão, por exemplo, a humilhação pública de professores acusados de “pequeno-burgueses” e a invasão de salões de beleza para combater “cortes antirrevolucionários”.

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AS BOAS MULHERES DA CHINA

Entre 1989 e 1997, a jornalista Xinran entrevistou mulheres de diferentes idades e classes sociais, a fim de compreender a condição feminina na China moderna. Em um país onde a mídia funciona predominantemente como porta-voz do governo, a forma cautelosa e paciente de Xinran conversar com suas entrevistadas fez do seu programa de rádio um dos poucos espaços em que vozes antes silenciadas poderiam revelar seus medos e aspirações.

As boas mulheres da China reúne inúmeros desses relatos em torno de  vida íntima, violência familiar, opressão, homossexualidade, miséria e preconceito.

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VIAGEM À AMÉRICA DO SUL

Primeiro livro de Ai Qing (1910-1996) publicado por aqui, Viagem à América do Sul reúne os poemas de sua passagem pelo Brasil e pelo Chile no cinquentenário de Pablo Neruda, em 1954. Na viagem, Ai Qing esteve com Jorge Amado e Zélia Gattai, entre outros intelectuais.

Com tradução direto do chinês por Fan Xing, esta edição bilíngue organizada por Francisco Foot Hardman é uma bela oportunidade de entrar em contato com a obra de um dos maiores poetas da literatura moderna chinesa.

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AI WEIWEI RAIZ

Referência nas artes, na arquitetura e no ativismo, Ai Weiwei teve a quem puxar. É, vejam só, filho de Ai Qing. E, assim como o seu pai, entra na nossa lista com um registro de sua passagem pelo Brasil.
Fartamente ilustrado, Raiz apresenta – além das principais obras do artista conhecido (e perseguido pelo governo chinês) – suas criações junto a artesãos cearenses. Traz ainda textos inéditos sobre sua trajetória e suas experiências na América Latina, e duas entrevistas realizadas com ele por Marcello Dantas, curador da exposição de Weiwei em São Paulo, em 2018. Livro bilíngue, em português e inglês.

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“Alô, alô, marciano, aqui quem fala é da Terra!”. Quem não se lembra do início da canção de Rita Lee e Roberto de Carvalho? Nosso primeiro destino é Marte! O segundo planeta mais próximo da Terra habita há muito tempo a imaginação dos terráqueos. Marte tem dias com pouco mais de 24 horas, tem ventos, nuvens, padrões climáticos sazonais e outras tantas características que nós conhecemos bem.

Em 18 de fevereiro de 2021, o rover Perseverance pousou no planeta vermelho, depois de mais de seis meses de viagem. As imagens que vêm de lá não só auxiliam as pesquisas científicas sobre a existência de vida em Marte como também nos fazem imaginar como seria essa vida. Pois agora os marcianos invadem as nossas estantes.

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A CAMINHO DE MARTE

Vencedor do Jabuti 2019, este livro reúne histórias da jornada de Gontijo do interior de Minas até a Nasa, um panorama das descobertas científicas mais recentes sobre o planeta vizinho, os bastidores da missão que enviou o Curiosity para lá em 2012 e também os desafios na exploração do espaço.

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AS SEREIAS DE TITÃ

Nenhum aviso é o bastante para preparar alguém para uma lavagem cerebral, um exército marciano e um encontro com estranhas criaturas. Com seu humor sarcástico, Vonnegut apresenta um romance que, por meio das desventuras de um homem pelo universo, trata de temas como livre-arbítrio e moralidade.

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VIDA EM MARTE

Um intrépido astronauta tem certeza de que existe vida em Marte. Mas será que ele está mesmo certo? Para provar sua teoria, ele parte em uma missão solitária levando um pacote de deliciosos cupcakes de presente. Indicado para leitores a partir de 3 anos.

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O TEMPO EM MARTE

O ano é 1994 e os terráqueos lutam para se estabelecer em um planeta inóspito. Morador de Marte há 10 anos, o técnico de manutenção Jack Bohlen vê sua rotina ser chacoalhada ao se envolver com um ganancioso líder sindical que o contrata para ajudá-lo a se comunicar com um garoto esquizofrênico e introspectivo, supostamente capaz de prever o futuro.

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ESTRELA VERMELHA

Neste livro, um cientista russo, e revolucionário bolchevique, é convidado por um camarada a fazer uma expedição a Marte. Lá encontra uma sociedade igualitária, baseada na propriedade coletiva, sem estratificação social ou alienação do trabalho, e descobre um segredo que pode selar o destino dos dois planetas.

Inédita no Brasil até 2020, esta ficção científica de 1908 combina a experiência de Bogdánov na política — o escritor atuou ao lado de Lênin — aos seus conhecimentos em diversas áreas científicas para construir o retrato de um outro mundo, em que a revolução socialista triunfa, o que serviria de guia para os terráqueos.

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A GUERRA DOS MUNDOS

Clássico dos clássicos da ficção científica, este livro de 1898 narra uma tentativa marciana de conquistar a Terra e escravizar os terráqueos. Nada parece ser capaz de contê-los. Como resistir à invasão de seres tão superiores, com mentes e tecnologias mais evoluídas?

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A PARÁBOLA DO SEMEADOR

Em um mundo arrasado por uma crise ambiental e econômica, dominado pelo terror, a filha de um pastor luta pela sobrevivência. O cenário é Marte? Não! Mas Lauren Olamina procura incansavelmente por uma alternativa ao inferno, seja aqui, seja em outro planeta.

A vida de Octavia Butler (1947-2006) também foi atravessada pelo planeta vermelho. Ela escreveu seu primeiro livro com apenas 12 anos, após ter visto A garota diabólica de Marte (1954). Decepcionada com o filme, ela se propôs a escrever narrativas muito melhores do que aquela. Tem mais: a Nasa acaba de homenageá-la batizando com o seu nome o local de pouso do Perseverance em Marte!