“Se eu me apoderar do mundo, que seja para me desapoderar dele imediatamente.”
Um dos textos feministas mais lidos do século XX, “As guerrilheiras”, da francesa Monique Wittig (1935-2003), é o décimo livro da Temporada no Futuro. Figura central dos movimentos feminista e lésbico da França, Wittig conta, neste romance inovador, publicado originalmente em 1969, a história de um grupo de mulheres que se unem para viver fora de uma lógica de submissão e inferioridade imposta pelo patriarcado. Elas viajam libertando outras mulheres, celebram e inventam histórias umas para as outras e empunham armas poderosas como o riso para desafiar costumes literários e linguísticos opressores. Entre a camaradagem da luta em comum, a amizade e as discordâncias, criam outras formas de viver.
“Viver livremente não é apenas rejeitar certas visões do que é ser mulher, mas criar outras imagens, ideias, símbolos e formas de se relacionar”, observa a poeta Stephanie Borges, curadora da nossa temporada.
SOBRE A AUTORA
Monique Wittig nasceu em Dannemarie, na França, em 1935, e morreu nos Estados Unidos, em 2003. Estudou línguas orientais na Sorbonne e fez seu doutorado na École des Hautes Études en Sciences Sociales, sob a orientação de Gérard Genette. Durante o Maio de 1968, se engajou no Mouvement de Libération des Femmes (MLF). Foi uma das fundadoras dos grupos feministas Petites Marguérites, Gouines Rouges e Féministes Révolutionnaires e editou a revista francesa Questions Féministes. Lecionou em instituições norte-americanas como Nova York University, Universidade da Califórnia em Berkeley, Duke University e Universidade do Arizona. É autora dos romances “L’Opoponax” (1964), pelo qual recebeu o Prêmio Médicis, “As guerrilheiras” (1969) e “O corpo lésbico” (1973), entre outros livros.