"A tua lei não é a lei dos deuses; apenas o capricho ocasional de um homem."
Nas fronteiras entre o autoritarismo governamental, laços familiares e busca por justiça está situada Antígona, de Sófocles, terceira obra da nossa Temporada contra a tirania, que traz uma reflexão acerca da sobreposição do poder acima de tudo e todos, até mesmo dos laços de sangue.
A peça de Sófocles traz o embate entre Creonte e Antígona, tio e sobrinha, sobre o destino do corpo de Polinices, morto em batalha. Creonte acredita que o sobrinho é um traidor, responsável pela destruição de Tebas e lhe nega qualquer honraria ou sepultamento. Já sua sobrinha, indignada e contra sua vontade, enterra o corpo mesmo assim. Ao saber disso, o soberano ordena sua prisão, e lhe proíbe de viver entre os vivos. De um lado está o rei autoritário que julga suas próprias leis como soberanas e irrefutáveis, e do outro está Antígona, lutando por um destino digno para seu irmão. E em meio a busca pelos desígnios divinos e valorização da família, é uma voz feminina que encarna a resistência à tirania do rei.