Descrição
No Brasil do século XIX, o lugar social destinado às mulheres era o do lar e do silenciamento. De acordo com os valores estabelecidos na época, apenas os homens ocupavam espaços de poder, de fala e de criação artística. Além da falta de acesso à educação, as poucas mulheres alfabetizadas enfrentavam inúmeras dificuldades de inserção no meio literário. É nesse contexto, em 1859, que “Úrsula” foi publicado. Romance de estreia da escritora maranhense Maria Firmina dos Reis, mulher negra, professora e militante de causas da educação, o livro é um marco na história da literatura brasileira. Considerado o primeiro romance de autoria negra e feminina do Brasil, além de ser o primeiro de cunho abolicionista. É também o romance inaugural da chamada literatura afrobrasileira. Maria Firmina lança um outro olhar para a questão da abolição, não do ponto de vista eurocêntrico, como era comum na literatura de seu tempo, mas justamente pela perspectiva dos próprios oprimidos, dando voz e protagonismo às mulheres, aos negros e escravizados, além de denunciar a opressão do sistema patriarcal. Embora o centro da trama seja o triangulo amoroso formado pela jovem Úrsula, o estudante de direito Tancredo e por seu tio, o Comendador Fernando P., a inovação da obra está no protagonismo de seus personagens negros: Tulio, Susana e Antero, abordando os horrores da escravidão a partir do relato e trajetória dos próprios escravizados.
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