Descrição
Em Um grande acordo nacional, o jornalista em quadrinhos Robson Vilalba mistura uma tentativa de entrevistar Dilma Rousseff em Curitiba, a busca pessoal por entender as razões que levaram à destituição da primeira presidenta do Brasil e a reconstituição dos episódios mais relevantes da trama golpista que deixou a população atenta ao noticiário político em 2015 e 2016. O título faz referência ao diálogo entre o empresário Sérgio Machado e o então senador e futuro ministro Romero Jucá, um dos principais artífices da ascensão do “vice decorativo” Michel Temer ao poder: com o Supremo, com tudo. O autor imprime sinceridade e perplexidade à narrativa gráfica enquanto resgata cenas das Jornadas de Junho; do humilhante 7 a 1 na Copa do Mundo; da trajetória da jurista Janaína Paschoal; da operação Lava Jato; do protagonismo do deputado Eduardo Cunha; e da esdrúxula votação do impeachment na Câmara, entre outros momentos decisivos para a queda de Dilma. *** Do precipício bolsonarista, Robson Vilalba olha atônito, escreve em formato de relato e desenha indignado o thriller de terror que engolfou o Brasil em 2016 e parece seguir, em tombos diários, rumo ao fundo do poço. Seus traços frenéticos – precisos, mas propositalmente desconfortáveis, retorcidos –, pintam um país que parece ter entrado coletivamente naquela velha cabine do Silvio Santos: “Você troca desemprego a 5% por desemprego de 15%, com metade da população na informalidade?” SIM! “Você troca Mais Médicos por um estoque de 18 anos de cloroquina?” SIM! “Você troca a indústria nacional pelo rentismo?” SIM! “Você troca Paulo Freire por Olavo de Carvalho?” SIM! “Você troca pedalada fiscal por genocídio?” SIM! O que nos levou a esse rol de escolhas desatinadas? Em que lixeira da década passada descartamos o bom senso? Por que não soubemos interpretar, por mais literal que fosse, um processo de impeachment plantado na indignação de um playboy-dono-da-bola; cultivado nas pautas-bomba de um gângster; e germinado sob discursos etéreos em defesa da família, de Deus, de torturadores e estupradores do porão da ditadura? Essas são as perguntas que Um grande acordo nacional suscita. — Gabriel Rocha Gaspar, na orelha
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