Descrição
Reunindo a juvenília de Geni Guimarães, Terceiro filho não deve ser lido, no entanto, como o mero registro de uma produção literária incipiente: em suas páginas, já estão nitidamente presentes os veios líricos que posteriormente desaguarão em Da flor o afeto, da pedra o protesto (1981), Balé das emoções (1993) e Poemas do regresso (2020). Hoje podemos, por conseguinte, compreender esse livro como uma recolha consciente e deliberada de um conjunto de textos nos quais a autora descortinava as múltiplas potencialidades do seu estro, indiciando o espaço que viria a ocupar na tradição literária negra brasileira. A esse propósito, são particularmente significativos os sentidos encerrados no título concedido à obra: a alusão à maternidade enfatiza o processo de construção da poesia como resultante de uma relação com a alteridade, produzindo um ente que habitará o mundo, afetando aquelas pessoas que nele já vivem; para além disso, ressalta uma íntima relação do livro físico com a autora empírica. — Henrique Marques Samyn
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