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OS DONOS DA TERRA
Daniela Fernandes Alarcon
Elefante Editora

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Baseado em uma pesquisa antropológica de fôlego, Os donos da terra aborda episódios históricos e recentes da luta dos Tupinambá da Serra do Padeiro, no sul da Bahia, pela recuperação dos territórios ancestrais dos quais foram expulsos pelo avanço da colonização — que continua até hoje. Entre mobilizações e retomadas, operações da Polícia Federal e ações paramilitares, prisões de lideranças e a violência passada e presente dos poderes locais, esta HQ revela aspectos da memória, da visão de mundo e da cultura de um povo que, guiado pela sabedoria dos antepassados e dos encantados, e unido por fortes laços comunitários, resiste ao esbulho territorial e à batalha simbólica que nega sua origem indígena e seus direitos constitucionais. As sete narrativas deste livro abrem uma janela pela qual é possível começar a conhecer uma gente que não abaixa a cabeça e, todos os dias, constrói possibilidades de um mundo mais justo. *** Os donos da terra é um quadrinho de história de indígenas, mas não de uma história de séculos atrás. Os Tupinambá deste livro não apresentam rituais antropofágicos e outros costumes tidos como exóticos. Não, esta HQ narra histórias que se montaram sobre relações de poder existentes hoje no Brasil. Aqui, os indígenas não falam no passado, mas no presente; os Tupinambá destas histórias estão conosco, agora, no sul da Bahia, resistindo na utopia de um futuro. As narrativas que lemos aqui em palavras e imagens são, portanto, sobre os Tupinambá atuais. Elas começam resgatando um símbolo do século XX, a destruição ambiental. Embora se trate, tristemente, de uma versão contemporânea do período da conquista, essas imagens são histórias (re)contadas porque vividas na pele por seus narradores. Se o tema geral da HQ parece ser a mobilização política dos indígenas, não deixa de ser fundamental a costura das narrativas com outros elementos aparentemente antagônicos. Aqui se verá, mais uma vez, a força que tem a cultura religiosa dos Tupinambá na construção da sua luta, expressa nas descrições de ações heroicas e modalidades coletivas de engajamento social. Articulando uma gramática do embate político através de categorias religiosas e experiências extáticas, a dimensão da luta tupinambá aparece com toda a sua profundidade. — Marcos Alexandre dos Santos Albuquerque, na orelha SOBRE OS AUTORES Daniela Fernandes Alarcon é doutora em Antropologia Social pelo Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (MN/UFRJ) e mestre em Ciências Sociais pela Universidade de Brasília (UnB). Entre 2017 e 2018, foi pesquisadora visitante no LLILAS Benson Latin American Studies and Collections, University of Texas at Austin. Desde 2010, investiga o processo de recuperação territorial realizado pelos Tupinambá da Serra do Padeiro. Pela Elefante, publicou O retorno da terra: as retomadas na aldeia tupinambá da Serra do Padeiro, sul da Bahia (2019), a partir de sua dissertação de mestrado, premiada pela Sociedade de Antropologia das Terras Baixas da América do Sul (Salsa). Em 2015, dirigiu o documentário de curta-metragem Tupinambá – O Retorno da Terra. Vitor Flynn Paciornik é quadrinista e ilustrador, formado em Artes Plásticas e em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP). Em outubro de 2016, publicou pela Elefante, em parceria com a Fundação Rosa Luxemburgo, o livro Xondaro, HQ sobre a luta dos Guarani Mbya pela demarcação de suas terras dentro dos limites da maior cidade da América do Sul. Publicou no começo de 2020 a HQ Aquarela, adaptação de conto de José Roberto Torero, em parceria com André Bernardino, com quem trabalha em um novo livro, Depois que os sinos dobram, coletânea de contos fantásticos em quadrinhos — ambas as obras foram contempladas pelo Programa de Ação Cultural de São Paulo (ProAC). Mantém, desde 2013, o blogue autoral Quadrinhos b, dedicado a histórias curtas.

  • Seção
    quadrinhos
  • Encadernação
    NULL
  • ISBN
    9786587235202
  • Palavras-chave
    Antropologia, Graphic Novel, HQs, Quadrinhos

Descrição

Baseado em uma pesquisa antropológica de fôlego, Os donos da terra aborda episódios históricos e recentes da luta dos Tupinambá da Serra do Padeiro, no sul da Bahia, pela recuperação dos territórios ancestrais dos quais foram expulsos pelo avanço da colonização — que continua até hoje. Entre mobilizações e retomadas, operações da Polícia Federal e ações paramilitares, prisões de lideranças e a violência passada e presente dos poderes locais, esta HQ revela aspectos da memória, da visão de mundo e da cultura de um povo que, guiado pela sabedoria dos antepassados e dos encantados, e unido por fortes laços comunitários, resiste ao esbulho territorial e à batalha simbólica que nega sua origem indígena e seus direitos constitucionais. As sete narrativas deste livro abrem uma janela pela qual é possível começar a conhecer uma gente que não abaixa a cabeça e, todos os dias, constrói possibilidades de um mundo mais justo. *** Os donos da terra é um quadrinho de história de indígenas, mas não de uma história de séculos atrás. Os Tupinambá deste livro não apresentam rituais antropofágicos e outros costumes tidos como exóticos. Não, esta HQ narra histórias que se montaram sobre relações de poder existentes hoje no Brasil. Aqui, os indígenas não falam no passado, mas no presente; os Tupinambá destas histórias estão conosco, agora, no sul da Bahia, resistindo na utopia de um futuro. As narrativas que lemos aqui em palavras e imagens são, portanto, sobre os Tupinambá atuais. Elas começam resgatando um símbolo do século XX, a destruição ambiental. Embora se trate, tristemente, de uma versão contemporânea do período da conquista, essas imagens são histórias (re)contadas porque vividas na pele por seus narradores. Se o tema geral da HQ parece ser a mobilização política dos indígenas, não deixa de ser fundamental a costura das narrativas com outros elementos aparentemente antagônicos. Aqui se verá, mais uma vez, a força que tem a cultura religiosa dos Tupinambá na construção da sua luta, expressa nas descrições de ações heroicas e modalidades coletivas de engajamento social. Articulando uma gramática do embate político através de categorias religiosas e experiências extáticas, a dimensão da luta tupinambá aparece com toda a sua profundidade. — Marcos Alexandre dos Santos Albuquerque, na orelha SOBRE OS AUTORES Daniela Fernandes Alarcon é doutora em Antropologia Social pelo Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (MN/UFRJ) e mestre em Ciências Sociais pela Universidade de Brasília (UnB). Entre 2017 e 2018, foi pesquisadora visitante no LLILAS Benson Latin American Studies and Collections, University of Texas at Austin. Desde 2010, investiga o processo de recuperação territorial realizado pelos Tupinambá da Serra do Padeiro. Pela Elefante, publicou O retorno da terra: as retomadas na aldeia tupinambá da Serra do Padeiro, sul da Bahia (2019), a partir de sua dissertação de mestrado, premiada pela Sociedade de Antropologia das Terras Baixas da América do Sul (Salsa). Em 2015, dirigiu o documentário de curta-metragem Tupinambá – O Retorno da Terra. Vitor Flynn Paciornik é quadrinista e ilustrador, formado em Artes Plásticas e em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP). Em outubro de 2016, publicou pela Elefante, em parceria com a Fundação Rosa Luxemburgo, o livro Xondaro, HQ sobre a luta dos Guarani Mbya pela demarcação de suas terras dentro dos limites da maior cidade da América do Sul. Publicou no começo de 2020 a HQ Aquarela, adaptação de conto de José Roberto Torero, em parceria com André Bernardino, com quem trabalha em um novo livro, Depois que os sinos dobram, coletânea de contos fantásticos em quadrinhos — ambas as obras foram contempladas pelo Programa de Ação Cultural de São Paulo (ProAC). Mantém, desde 2013, o blogue autoral Quadrinhos b, dedicado a histórias curtas.

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