Descrição
Publicada num dos principais jornais do Recôncavo baiano, uma das últimas regiões a abolir a mão de obra escrava, essa obra se insere entre os marcos da literatura nacional do século XIX, ecoando a questão da nacionalidade brasileira e a sua formação racial.
Ambientado numa fazenda do Recôncavo baiano, O mameluco situa as discussões raciais da época e traz a mestiçagem brasileira para um debate aprofundado, além de ser uma denúncia sobre a violência que foi a Guerra do Paraguai, pano de fundo para o romance. O enredo envolve um triângulo amoroso, senhores de terras, pessoas negras escravizadas, coronéis e o envio arbitrário de soldados e civis ao conflito.
No ensaio “Amélia Rodrigues e a Escrita das Mulheres do Século XIX”, que fecha o livro, Milena Britto mostra como o romance de Rodrigues se insere lado a lado aos demais romances publicados no Brasil na época. Segundo a ensaísta, “o livro é um diálogo com o cânone literário brasileiro que oferece complexidade ao debate da formação da identidade nacional. Como uma obra escrita por uma mulher brasileira de final de século, é também um documento que evidencia as temáticas sobre as quais as mulheres se debruçaram e que, como se nota, não trata apenas de temas romantizados ou religiosos.”
No ano em que foi escrito, O Mameluco foi publicado em episódios no jornal Echo Sant’Amarense. Para esta edição, o texto foi resgatado do último exemplar sobrevivente do ano de 1882 do periódico, arquivado no acervo da Biblioteca do Estado da Bahia.
Esta edição vem acompanhada de ilustrações de Flávia Bomfim feitas exclusivamente para o romance. A artista faz algumas releituras de imagens conhecidas da arte e cultura pop brasileiras, e apresenta as personagens interpretando-as a partir da visão da época para chamar a atenção sobre os estereótipos também presentes na iconografia brasileira. A obra compõe a coleção Escritoras das Américas.
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