Descrição
Nadine é uma história de detetive narrada em versos. Por meio de um conjunto de vozes poéticas, em diálogo com a tradição das histórias policiais, a autora compõe uma narrativa feminista que flerta com o romance noir. Os versos narram as circunstâncias da morte da protagonista, uma mulher chamada Nadine, em um prédio no centro de São Paulo. O projeto do livro foi contemplado pelo edital ProAC Expresso, lei Aldir Blanc nº 49/2021.
A história é contada a partir do ponto de vista de Nadine, que tenta reconstituir seu último dia de vida com a ajuda dos vizinhos e de uma performer chamada Lana Juarez. Ao mesmo tempo, os versos dão voz a outros personagens (e suspeitos do assassinato). Todos eles são moradores do mesmo edifício onde o corpo foi encontrado: Conceição, os Ferreiras, Luiz Alfredo, Madalena e P., o punheteiro do apartamento 12. Assim, a própria Nadine, já morta, conversa com Luiz Alfredo, vizinho que se incomodava com o barulho do quarto dela. Luiz Alfredo se põe a investigar e a elucubrar sobre como Nadine pode ter sido assassinada, à maneira dos detetives que procuram reconstituir os crimes pela observação e pela racionalidade. A cena do crime é limpa: não há sangue ou vestígios de violência. Mas o crime tem claras motivações misóginas, e as maiores suspeitas logo recaem sobre os personagens masculinos, especialmente sobre P., o punheteiro do 12, que encontrou um vídeo de Nadine na internet, e sobre funcionários de uma construtora que foram filmados no prédio na noite do crime. Mas “resolver o crime” é o de menos, como diz Nadine, o que importa é “reconstituir a cena”. É a cena que indica que foi um crime sexual, mais um feminicídio, mais uma vida de mulher que é abreviada apenas por ela ser mulher.
Em um livro com projeto gráfico especial, que faz uso de recursos como carimbo e a costura singer na lombada, este volume de poesia flerta histórias detetivescas, mas com teor feminista, enfatizando a urgência da discussão política em torno do feminicídio.
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