Descrição
O livro de Aloysio de Carvalho: Liberalização e tutela militar: o governo Geisel tem, como seu trunfo inicial, sua atualidade. A todo momento em que o leitor se embrenhar na sua deliciosa leitura terá a impressão de que, ao invés de estar lendo sobre o momento histórico descrito (o regime militar brasileiro de 1964-1985), acabou caindo nas “nossas tenebrosas transações”. De repente ele está perdido em 2019. Isto é uma enorme contribuição do trabalho de Aloysio de Carvalho: queiramos ou não nos leva a refletir sobre o momento que vivenciamos.(…) Ainda temos a denúncia – uma vez estabelecido o Golpe de Estado que derrubou o presidente constitucionalmente eleito, João Goulart – das alianças não com as massas populares, e, sim, com o grande capital nacional e internacional e, para justificar sua iniquidade e traição, recorre à violência através de um espantoso e desnecessário aparato repressivo, o que é reconhecido pelos próprios militares. (…) Além de utilizar a preciosa documentação da ESG, o autor trabalha com jornais, preferencialmente o JB (Jornal do Brasil) – tradicional jornal brasileiro editado no Rio de Janeiro a partir de 1891. Estão presentes, também, no trabalho a angústia onipresente de setores militares em buscar a legitimação de um regime essencialmente ilegítimo. Para isso, apelam para um forte esquema legal criando leis que busquem justificar sua ilegalidade. (…) Aloysio de Carvalho, também, penetra no difícil esquema dos órgãos de repressão ajudando a esclarecer papeis dos terríveis DOI-CODI, CENIMAR e CISA. Cumpre observar que o autor aponta o envolvimento direto da alta cúpula das forças armadas na repressão. Este trabalho é significativo, também, por ajudar a enfatizar o papel da Justiça Militar durante o regime militar: todos os crimes considerados políticos, contra a Lei de Segurança Nacional não eram julgados como crimes comuns e entravam na alçada da Justiça Militar. Mas uma das excrecências do período de 1964 a 1985. O autor reserva para uma de suas fontes privilegiadas um papel desairoso justificando e defendendo a tortura no governo Médici. A designação de Ernesto Geisel para a Presidência daRepública apresentou desentendimentos que depois seriam acirrados, culminando na demissão de Sílvio Frota e na edição do Pacote de Abril em 1977. Do Prefácio da Profª Maria Aparecida de Aquino Departamento de História da USP.
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