Descrição
Quando foram publicados, em 1998 e 2000, os dois volumes da monumental biografia de Hitler escrita por Ian Kershaw foram imediatamente saudados em todo o mundo como obras fundamentais sobre a figura mais sinistra da história do século XX. A presente tradução foi realizada a partir da versão condensada elaborada pelo autor, que eliminou cerca de quatrocentas páginas de notas e referências – destinadas sobretudo ao público acadêmico -, sem no entanto prejudicar a força da narrativa e o poder de seu argumento. Kershaw escreve baseado na farta documentação já conhecida e em novas fontes, como o surpreendente diário de Goebbels, redescoberto no início da década de 1990, que traz revelações mais íntimas sobre as atitudes, as hesitações e o comportamento de Hitler no poder. A trajetória inteira desse indivíduo que parecia destinado ao fracasso e que acabou na direção de um dos países mais desenvolvidos, cultos e complexos da Europa é esmiuçada pelo autor, em busca de uma explicação para essa incrível trajetória ascendente, para o domínio que Hitler exerceu sobre as elites alemãs e para a catástrofe que causou em seu país e no resto do mundo. Sem desprezar os traços de personalidade do ditador na explicação da história, o autor enfatiza os aspectos sociais, políticos e econômicos da sociedade alemã traumatizada pela derrota na Primeira Guerra, a instabilidade política, a miséria econômica e a crise cultural. E, em vários momentos, Kershaw permite-se fazer exercícios contrafactuais, perguntando-se como tudo poderia ter sido diferente se, por exemplo, a elite conservadora alemã tivesse se comportado de outra maneira, ou se as potências ocidentais não tivessem hesitado tanto, ou mesmo se Hitler simplesmente não tivesse tido tanta sorte (sua sobrevivência a vários atentados, por exemplo, se deveu muitas vezes ao acaso). De um lado, o autor evita as simplificações de alguns críticos do nazismo, mas por outro contesta, utilizando para isso um exame detalhadíssimo de documentos e eventos, as teorias revisionistas que tentam “absolver” Hitler do Holocausto. Ele mostra que, de fato, não existe uma ordem escrita por Hitler para a execução da “solução final para a questão judaica”, mas isso não o isenta da responsabilidade pelo extermínio de milhões de judeus, pois, além de estimular verbalmente essa “aniquilação” (palavra que usava com prodigalidade), ele estava perfeitamente a par do que se passava nos campos de concentração (“Não faço nada que o Führer não saiba”, disse o
Avaliações
Não há avaliações ainda.