Descrição
Publicado em 1984, Corpo é um dos grandes livros da última fase de Carlos Drummond de Andrade. Com mais de oitenta anos de vida e cinquenta de carreira literária (Alguma poesia, sua estreia em livro, é de 1930), o mineiro jamais se acomodaria: a força dos poemas reunidos neste volume é testemunha do inesgotável talento para ajustar, numa poesia tão comunicativa quanto poderosa, grandes temas como o amor, a morte, o meio ambiente e os afetos. “Meu corpo não é meu corpo, / é ilusão de outro ser.”, diz o poeta na primeira peça do livro, “As contradições do corpo”. Rico em significados, o título do volume lança luz sobre os vários corpos habitados por todos nós: este físico e mortal que carregamos desde o nascimento, o corpo sensual, sensorial e afetivo, e o corpo geográfico e urbano. Não à toa há desde poemas sobre relações amorosas até observações sobre o “corpo” de nossas cidades, cada vez mais degradadas. A preocupação com a devastação à brasileira (isto é, a violência contra o outro, contra a natureza e contra o patrimônio histórico e emocional das nossas cidades, em especial do Rio de Janeiro) vinha sendo umas das preocupações de Drummond desde, pelo menos, o final da década de 1960. Neste livro, o itabirano é bastante eloquente sobre o estado de coisas do Brasil. Seus versos têm o peso da denúncia, do comentário mais veemente – sem que isso signifique, claro, perder a ternura e o olhar generoso sobre a vida. Com posfácio da crítica e escritora Maria Esther Maciel, esta edição de Corpo é uma nova oportunidade para entrar em contato com a corrente sanguínea de uma poesia que, ainda hoje, irriga nossa melhor literatura.
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