Descrição
Em uma época de nivelamento das categorias, de fácil acesso a uma suposta biblioteca universal digitalizada (de fato, fragmentária e caótica), o editor tende a ser visto como um intermediário desnecessário entre o escritor e o leitor. Em A marca do editor Roberto Calasso rebate ponto a ponto esse e outros graves erros dos paladinos do imediatismo, da velocidade e do desempenho financeiro como categorias absolutas. Escorado em sua posição excepcional, na intersecção entre o grande editor – está à frente há muitos anos da mais prestigiosa casa editorial europeia, a Adelphi, uma referência internacional – e o escritor de enorme cultura e perspicácia crítica, Calasso adota uma posição dura, comprometida e fundamentada por sua própria trajetória. Ao iluminar a figura dos grandes editores europeus e americanos do século XX, Calasso mostra a importância decisiva que editoras como Gallimard, Einaudi, Suhrkamp ou Farrar, Straus & Giroux tiveram na formação de um critério e de um público leitor, no ordenamento e na separação do essencial do supérfluo no que diz respeito à literatura. Calasso discorre sobre sua ideia da “edição como gênero literário”: um editor da estirpe à qual ele pertence é um caçador de “livros únicos”, é alguém que escreve, com os livros que publica, o melhor livro de todos: seu catálogo, que é ao mesmo tempo sua autobiografia. Contra a ideia daqueles que querem encarar a edição como uma indústria qualquer, este livro mostra, tanto com fineza quanto com contundência, a importância do editor que defende e cultiva sua marca. Sem a qual tudo se resume a uma única categoria: a do entretenimento fácil e o rápido esquecimento. A marca do editor é o relato de uma trajetória excepcional, de uma estirpe que formou nossa sensibilidade e nossa cultura, e que agora mais que nunca precisa de nosso reconhecimento. “A verdadeira história da edição é em larga medida oral – e assim parece destinada a permanecer. Uma teoria da arte editorial nunca se desenvolveu – e talvez seja tarde demais para que possa se desenvolver agora. Contrariando esses fatos, tentei reunir dois elementos: alguns eventos da história da Adelphi, que vivi por cinquenta anos, e um perfil não da teoria da edição, mas daquilo que um determinado tipo de edição também poderia ser: uma forma, a ser estudada e julgada como se faz com um livro. Que, no caso da Adelphi, teria mais de dois mil capítulos.” Roberto Calasso
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