Descrição
Robert Desnos (Paris, 1900-1945) configura-se na constelação surrealista como um dos nomes mais atuantes do movimento. Em 1922, passa a colaborar com a revista Littérature, dirigida por Breton, Soupault e Aragon, com relatos de sonhos (ditados, escritos e desenhos), o que marcaria profundamente aqueles primeiros anos da aventura surrealista. Seus transes hipnóticos provocariam uma revolução nos jogos de palavras de Marcel Duchamp (Rrose Sélavy), Michel Leiris, Benjamin Péret, Antonin Artaud, entre outros. Desnos está presente na revista La Révolution Surréaliste, destacando-se por sua verve incendiária, como no texto “Description d’une révolte prochaine” (nº 3, 1925). Sua obra unificou o sentido maior do amor, do erotismo e do automatismo, essa “zona de Iluminação”, como disse André Breton. Além disso, sobre o poeta e sua entrega abismal, Breton atesta no Manifeste du surréalisme (1924): “Dentre nós, foi talvez quem mais se aproximou da verdade surrealista (…). Ele lê em si como em livro aberto, e nada faz para reter as folhas que se desvanecem no vento de sua vida”. Lutando na resistência francesa durante a Segunda Guerra, Desnos buscou os caminhos da poesia enquanto clarividência e, mesmo quando preso em campos de concentração em condições desumanas, jamais deixou de exercer a liberdade: durante o período de confinamento, continuava sonhando e amando. Desnos combateu o homem obscurantista e a “pouca realidade” lançando sua luz subversiva e oculta através da poesia, da liberdade e do amor. Cultivou assim o desejo, o profano e, como poucos homens de sua época, soube convergir o estado de espírito ao ato insurrecional.
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