Descrição
Num prédio que pode ou não existir, as pessoas se acumulam em um vasto saguão, na fila por um elevador. É o Edifício Midoro Filho, um marco imponente no centro da cidade, dezenas de andares empilhados numa arquitetura sóbria e funcional. Conforme se espalham pelos corredores, funcionários e visitantes ocupam as salas burocraticamente decoradas dos oneiros. Cada oneiro atende sempre as mesmas pessoas. Elas não podem se conhecer e tampouco manter algum parentesco. Mas o sistema não é infalível, e, naquela manhã, o oneiro percebe que o rapaz diante de si é filho de uma de suas clientes. Conforme conduz a sessão de sonhos, oferecendo ao rapaz as miniaturas plásticas que servirão de guia durante seu torpor, o oneiro decide não comunicar à administração sobre o erro.A partir desse equívoco burocrático, o oneiro abandonará cada vez mais seu rigoroso código de conduta para se envolver na vida do rapaz e de sua mãe, uma taxista que sobrevive a duras penas após o sumiço do marido. Numa prosa de arrebatadora força poética, Andrea del Fuego levará o leitor a um universo onde a fronteira entre sonho e realidade é tratada com um misto de rigor kafkiano e minimalismo oriental. No jogo das pequenas esculturas plásticas que auxiliam os clientes durante as sessões com os oneiros, a autora ilumina as brechas que existem entre o real e o imaginado, o amor e a dedicação.
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