Descrição
Além das dramaturgias publicadas, este livro conta com prefácio escrito pela pesquisadora Silvia Fernandes (professora titular sênior do Programa de Pós-graduação em Artes Cênicas da ECA/USP); textos críticos escritos pela pesquisadora, crítica e curadora Luciana Romagnolli e pelo crítico, dramaturgo e professor Jorge Louraço; fotos das montagens por André Cherri, Milton Dória, Rodrigo Pereira e Vitor Vieira.
“As muitas vias de aproximação do teatro com o real foram responsáveis pelo deslocamento das práticas teatrais em direção a uma cena performativa, de contornos fluidos e localização imprecisa, que Janaina pratica de modo radical. Sem dúvida o que experimenta é um novo modo de teatro político, que não pretende reproduzir a realidade na via do realismo ou de narrativas épicas de viés brechtiano, no intuito de discuti-la com aparatos lógicos, analíticos e críticos”. (trecho do prefácio por Silvia Fernandes)
Sobre as dramaturgias:
CONVERSAS COM MEU PAI (2014) – Texto de Alexandre Dal Farra
Em uma velha caixa de sapatos, Janaina guarda uma infinidade de bilhetes que trazem frases escritas por seu pai, que sofreu uma traqueostomia e perdeu a capacidade da fala. Na mesma época, Janaina descobre que sofre de uma doença degenerativa que a leva a perder parte da audição. Nesse contexto, em silêncio, pai e filha se reencontram. Esse foi o ponto de partida de um work in process de quase sete anos que reuniu uma infinidade de materiais e esboços, na tentativa de dizer o indizível.
STABAT MATER (2019) – Dramaturgia de Janaina Leite
A partir do texto teórico Stabat Mater (em latim, estava a mãe), da filósofa e psicanalista Julia Kristeva, Janaina Leite propõe o formato de uma palestra-performance sobre o feminino, remontando à história da Virgem Maria, ao mesmo tempo em que tenta dar conta do apagamento de sua mãe em sua peça anterior, Conversas com Meu Pai. Acompanhada por sua própria mãe e pela figura de Príapo, personagem para o qual buscou-se um ator pornô, a artista articula temas historicamente inconciliáveis como maternidade e sexualidade. Tendo o terror e a pornografia como bases estéticas, investiga-se as origens de um arranjo histórico entre o feminino e o masculino, que o trabalho tenta desarmar não sem antes correr riscos e enfrentar os mecanismos de gozo e dor que fixam essas posições.
Sobre os autores:
– Janaina Leite é referência na pesquisa sobre o uso de documentário e autobiografia no teatro brasileiro. Fez seu doutoramento em artes cênicas apoiada pela FAPESP, na Escola de Comunicação e Artes da USP. Concebeu os espetáculos Festa da Separação: Um Documentário Cênico, Conversas com Meu Pai e Stabat Mater, pelo qual ganhou, em 2019, o Prêmio Shell de Teatro na categoria dramaturgia. Publicou o livro Autoescrituras Performativas: do Diário à Cena (Editora Perspectiva, 2017), consolidando sua pesquisa em torno dos teatros do real. Idealizou e coordenou os grupos de estudos Feminino Abjeto 1, Memórias, Arquivos e (Auto) Biografias e Feminino Abjeto 2. Também é cofundadora, atriz e diretora no Grupo XIX de Teatro, com quem criou e atuou em diversos espetáculos reconhecidos pelos principais prêmios e fundos de apoio do país.
– Alexandre Dal Farra é doutorando pelo PPGAC da ECA/USP e mestre pelo Departamento de Letras Modernas da FFLCH – USP. É dramaturgo, diretor e escritor. Foi vencedor e indicado diversas vezes a todos
os principais prêmios brasileiros. Lançou em 2013 o seu primeiro romance, Manual da Destruição, pela editora Hedra.
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