Descrição
Ecoando o poema “Nosso tempo”, de Carlos Drummond de Andrade, Francisco Maciel diz: “Como sou um dos homens partidos, minha missão possível é juntar os cacos”. E é isso que ele faz em Não adianta morrer, seu segundo romance pela Estação Liberdade (e cujo título também cita Drummond, quando o poeta pontifica: “Chegou um tempo em que não adianta morrer”). O universo de Não adianta morrer está ancorado nas ruas do bairro do Estácio, no centro do Rio de Janeiro. Maia de Lacerda, Professor Quintino do Vale, Sampaio Ferraz, Haddock Lobo, Professor Higino, enveredando pelos botecos, pelas bocadas, pelos atalhos dos morros e pela multiplicidade de vozes de seus personagens, o Rio realista e mágico de Maciel ganha vida. Os cacos se juntam e formam um “tabuleiro de damas (e cavalheiros)”, como define o autor, onde a recompensa do jogo é mais um dia para viver e sonhar “na cidade das balas perdidas, no país das oportunidades perdidas, no planeta das guerras pela paz”. Os personagens que Maciel nos apresenta – Pedrão, Vovô do Crime, Guile Xangô, Lana, Olívia, Mirtes, Dafé, Marcelo Cachaça, as Comadres, os Quatro Mandelas, e mais vários outros – se cruzam neste cenário e criam uma narrativa polifônica no fio da navalha entre verdade e ficção. E no cotidiano hostil do ambiente retratado pelo autor, os destinos costumam ser previsíveis.
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