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GERAÇÃO 2010 – O SERTÃO É O MUNDO
Fred Di Giacomo (Org.)
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Antologia com 25 autores – surgidos na literatura brasileira contemporânea a partir da década de 2010. Em comum, esses autores, ponta de iceberg de um movimento literário maior que eclodiu na década de 2010, tinham o fato de virem de fora dos centros de poder do Brasil, serem parte de grupos discriminados, produzirem uma literatura épica e poética e não terem começado suas carreiras apadrinhados por grandes editoras. Observando esse movimento – que nasce paralelo às importantes mudanças sociais acontecidas no século XXI no Brasil, ao boom das pequenas editoras independentes e ao fortalecimento da luta por direitos dos grupos discriminados – estes autores, em sua maioria, representam uma forte literatura que foi surgindo fora dos centros de poder (principalmente as capitais das regiões sul e sudeste do país) e vem sendo premiada, reconhecida e lida na última década. Faz parte deste fenômeno de rompimento com a hegemonia do sul-sudeste a fértil produção indígena, nordestina e nortista, além de autores dos mais variados e distantes interiores do Brasil. Até esta lírica revolução, a literatura nacional da “nova república” tinha cara, gênero e classe social: era dominada por homens, brancos e ricos nascidos nos grandes centros urbanos do sul-sudeste. Seu estilo muitas vezes privilegiava a autoficção e sua temática estava mais focada nos dramas internos e no fluxo psicológico do que em grandes acontecimentos ou na narrativa romanesca. A oposição binária a isso seria a “literatura periférica-marginal” dos artistas das favelas, também vindos dos grandes centros urbanos do sudeste e, muitas vezes, produzindo prosa autobiográfica protagonizada por homens heterossexuais. É possível perceber isso na (boa) série de antologias organizadas por Nelson Oliveira que costumavam demarcar “quem era quem” a cada geração de escritores brasileiros. Em sua primeira e influente coletânea (“Geração 90: manuscritos de computador”, 2001), Oliveira selecionou 17 contistas, sendo 16 homens (15 deles brancos) e apenas uma mulher. O mesmo percebe-se nas escolhas da revista inglesa Granta para compor seu “Os melhores jovens escritores brasileiros”, que reuniu 20 autores de “todo o país”. Desses 20, todos eram brancos, 14 eram homens e 18 haviam nascido ou no sul-sudeste ou no exterior. “Todo o país” neste caso referia-se à pequena nação localizada entre as cidades de Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, algumas poucas vezes, Recife, e que vinha dominando a cena cultural nacional nas últimas décadas. Essas possibilidades se deram, acreditamos, não por exclusão, mas ainda, naquele tempo, pela falta de oportunidade e de espaço para que autores de outras localidades conseguissem publicar suas obras. Hoje, seria tecnicamente impossível selecionar os 25 melhores autores da geração 2010 sem incluir na lista um grande número de mulheres, negros, indígenas e LGBTQIA+. É possível, inclusive, afirmar que os mais competentes escritores contemporâneos não são homens brancos. Mas a intenção aqui não é cravar quem são as melhores penas brasileiras em uma alucinante Olimpíada das letras. Procuramos, isso sim, um recorte que destacasse ótimos autores vindos dos sertões, florestas e, interiores e pequenas cidades do Brasil. Nosso foco foram as narrativas; já que seria outra tarefa mapear os poetas líricos que floresceram na última década. Ao mesmo tempo, buscamos uma perspectiva decolonizada nas temáticas e nos formatos. É possível contar histórias que fujam da fórmula ocidental do conto e arrisquem-se em versos, reflexões e narrativas de origem oral? Pela representatividade de suas obras e afinidade artística incluímos aqui, então, Márcia Kambeba, Mailson Furtado e Ailton Krenak que não são essencialmente “contistas”.

  • Ilustração
  • Páginas
    200
  • Encadernação
    BROCHURA
  • ISBN
    9786588091289

Descrição

Antologia com 25 autores – surgidos na literatura brasileira contemporânea a partir da década de 2010. Em comum, esses autores, ponta de iceberg de um movimento literário maior que eclodiu na década de 2010, tinham o fato de virem de fora dos centros de poder do Brasil, serem parte de grupos discriminados, produzirem uma literatura épica e poética e não terem começado suas carreiras apadrinhados por grandes editoras. Observando esse movimento – que nasce paralelo às importantes mudanças sociais acontecidas no século XXI no Brasil, ao boom das pequenas editoras independentes e ao fortalecimento da luta por direitos dos grupos discriminados – estes autores, em sua maioria, representam uma forte literatura que foi surgindo fora dos centros de poder (principalmente as capitais das regiões sul e sudeste do país) e vem sendo premiada, reconhecida e lida na última década. Faz parte deste fenômeno de rompimento com a hegemonia do sul-sudeste a fértil produção indígena, nordestina e nortista, além de autores dos mais variados e distantes interiores do Brasil. Até esta lírica revolução, a literatura nacional da “nova república” tinha cara, gênero e classe social: era dominada por homens, brancos e ricos nascidos nos grandes centros urbanos do sul-sudeste. Seu estilo muitas vezes privilegiava a autoficção e sua temática estava mais focada nos dramas internos e no fluxo psicológico do que em grandes acontecimentos ou na narrativa romanesca. A oposição binária a isso seria a “literatura periférica-marginal” dos artistas das favelas, também vindos dos grandes centros urbanos do sudeste e, muitas vezes, produzindo prosa autobiográfica protagonizada por homens heterossexuais. É possível perceber isso na (boa) série de antologias organizadas por Nelson Oliveira que costumavam demarcar “quem era quem” a cada geração de escritores brasileiros. Em sua primeira e influente coletânea (“Geração 90: manuscritos de computador”, 2001), Oliveira selecionou 17 contistas, sendo 16 homens (15 deles brancos) e apenas uma mulher. O mesmo percebe-se nas escolhas da revista inglesa Granta para compor seu “Os melhores jovens escritores brasileiros”, que reuniu 20 autores de “todo o país”. Desses 20, todos eram brancos, 14 eram homens e 18 haviam nascido ou no sul-sudeste ou no exterior. “Todo o país” neste caso referia-se à pequena nação localizada entre as cidades de Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, algumas poucas vezes, Recife, e que vinha dominando a cena cultural nacional nas últimas décadas. Essas possibilidades se deram, acreditamos, não por exclusão, mas ainda, naquele tempo, pela falta de oportunidade e de espaço para que autores de outras localidades conseguissem publicar suas obras. Hoje, seria tecnicamente impossível selecionar os 25 melhores autores da geração 2010 sem incluir na lista um grande número de mulheres, negros, indígenas e LGBTQIA+. É possível, inclusive, afirmar que os mais competentes escritores contemporâneos não são homens brancos. Mas a intenção aqui não é cravar quem são as melhores penas brasileiras em uma alucinante Olimpíada das letras. Procuramos, isso sim, um recorte que destacasse ótimos autores vindos dos sertões, florestas e, interiores e pequenas cidades do Brasil. Nosso foco foram as narrativas; já que seria outra tarefa mapear os poetas líricos que floresceram na última década. Ao mesmo tempo, buscamos uma perspectiva decolonizada nas temáticas e nos formatos. É possível contar histórias que fujam da fórmula ocidental do conto e arrisquem-se em versos, reflexões e narrativas de origem oral? Pela representatividade de suas obras e afinidade artística incluímos aqui, então, Márcia Kambeba, Mailson Furtado e Ailton Krenak que não são essencialmente “contistas”.

Informação adicional

Dimensões 14 × 21 cm

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