Descrição
Como o seu protagonista Adônis, a quase-palavra de Brosso quer “alcançar o mundo luminoso das vogais”, lugar muito mais mallarmeano que saussureano, que desfaz as separações ocidentalizantes entre significado, significante e referente (todas derivadas da dicotomia entre cultura pretensamente apenas humana e natureza pretensamente apenas animal), montando assim feixes de corpúsculos semânticos que, em ziguezague e cascata, na vertigem de rimas, paronomásias, grecismos e palavras-ônibus, longe de qualquer fixidez lexical, nunca se deixam capturar, situados que estão em configurações reverberantes. Assumem grande presença ausente, vocal e gráfica, os espaços em branco: silêncios ou quase-signos participantes, qual floreios e melismas em coral, espécies de pré-códigos contíguos que rumorejam de baixo pra cima, e obrigam a uma escansão declamatória interna. [Amálio Pinheiro, poeta, tradutor e professor no Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica da PUC_SP]
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